Tragédia: em mais um ‘caso isolado’, criança de 3 anos encontra a arma do pai e atira no irmão gêmeo

By 23 de setembro de 2022Brasil, Justiça

Em mais um “caso isolado”, uma criança de 3 anos atirou acidentalmente na cabeça do irmão gêmeo depois de encontrar uma pistola do pai nesta quinta-feira (22). O caso aconteceu na Zona Norte de Macapá e, segundo as autoridades policiais, o homem era colecionador de armas. O estado de saúde do menino é grave.

De acordo com a Polícia Militar (PM), o pai das crianças guardava a arma junto a outra de uma coleção em um cofre. Na tarde desta quinta-feira ele tirou a pistola para ir ao clube de tiro, quando uma das crianças entrou na sala, encontrou o armamento e acabou atingido o irmão. A criança baleada foi transferida para o Hospital de Emergência (HE).

O 2º Batalhão da Polícia Militar, que atua na Zona Norte da capital, foi até a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Novo Horizonte, para onde a criança foi levada por familiares.

O pai das crianças foi levado para o Centro Integrado de Operações em Segurança Pública (Ciosp) do bairro Pacoval.

Em julho desse ano, um menino de 9 anos morreu após encontrar a arma que o pai, um homem 32 anos com registro de CAC (Caçador, Atirador e Colecionador), mantinha em casa, deixada em cima de um armário na cozinha, e disparar acidentalmente contra a própria cabeça. A tragédia ocorreu em Ferraz de Vasconcelos, na Região Metropolitana de São Paulo.

No início do mês de agosto, dois homens morreram baleados em Teresina após uma discussão familiar motivada pela irritação de um deles pelo choro de uma criança com transtorno do espectro autista. Uma babá, Juliana da Silva, 36, foi atingida por um tiro na cabeça.

E no último dia 12 de setembro, Ezequiel Lemos Ramos, de 39 anos, assassinou a ex-mulher e o filho de 1 ano na Zona Leste de São Paulo. Ele tinha licença para ter arma como colecionador ou atirador esportivo. O crime foi registrado como feminicídio.

Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, o número de pessoas com licenças para armas de fogo disparou no governo Jair Bolsonaro (PL) e registrou aumento de 473% em quatro anos. Em 2018, antes do presidente assumir, havia 117,4 mil registros ativos para caçadores, atiradores e colecionadores, os chamados CACs.

No ano seguinte, esse número saltou para 197,3 mil registros, uma alta de 68%, e seguiu em curva ascendente até chegar em 673,8 mil em junho deste ano —o maior valor da série histórica, que começou em 2005.

Além disso, o anuário mostra que o Brasil tem 2,8 milhões de armas de fogo particulares, um aumento de 39% em relação a 2020, quando o país registrava pouco mais de 2 milhões de armamentos particulares.

O governo Bolsonaro editou até o momento 19 decretos, 17 portarias, duas resoluções, três instruções normativas e dois projetos de lei que flexibilizam as regras para ter acesso a armas e munições.

 

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