A Paraíba é masculina.
E essa afirmação dói mais em mim do que em vocês. A Paraíba é um dos estados mais machistas do Brasil e os resultados das eleições estaduais deixaram um sabor bem amargo e uma sensação de completo desânimo. Ao todo, apenas 11 candidaturas de mulheres progressistas estavam em disputa sendo que apenas uma, a de Estela Bezerra -PT, tinha chances reais de vencer. O que isso nos mostra?
Pra começar, dessas 12 candidaturas, apenas uma havia herdado capital político e sobrenome: Rafaela Camaraense, filha do prefeito de Cuité, Charles Camaraense. Rafela foi a segunda mulher mais votada para o Congresso Nacional, alcançando 43.477 votos.
Já a mulher mais votada nessa eleição, foi Estela Bezerra. Sem sobrenome, sem pai, marido, irmão ou parente que lhe cedesse um histórico de atuação e trabalho, alcançou 44.788 votos.
Somadas todas as candidaturas femininas do campo progressista, chegamos a 113.611 votos. Se todas essas candidaturas fossem uma só, ainda ficaríamos em sexto lugar no total dos deputados federais eleitos.
E o que esses números apontam?
Os números gerais mostram que a Paraíba, apesar do voto em peso em Lula, ainda é extremamente conservadora. Ganharam os filhos, netos, irmãos e herdeiros. As oligarquias nunca deixaram de governar e de ditar os caminhos por aqui. Homens brancos e com sobrenome, continuam ganhando no voto, seja pela questão financeira, seja pela boa e eterna vassalagem.
Lula ainda concorre ao segundo turno e se mantendo as projeções – e todas as energias positivas, rezas, militância e esperança – vai se eleger Presidente da República. Diante disso, algumas cadeiras podem ser trocadas. Mas o fato é que, a preço de hoje, teremos 4 anos de uma representação federal feita por vários Filho, Neto, Sobrinho, Irmão. Um único negro (Damião Feliciano) e um único que veio de movimentos sociais (Luiz Couto).
Teria como ser pior?
Teria. Imaginem se a única mulher eleita para o Congresso Nacional fosse a vereadora aprendiz de Damares?
Taty Valéria