Depois de 4 anos de um governo de morte e dois anos sem carnaval, a festa desse ano foi uma libertação. Passados os dias de celebração extrema e exacerbada (totalmente compreensíveis), veio a ressaca, e bem pesada.
Quando a escola de samba Império Serrano entrou na avenida da Marquês de Sapucaí, homenageando o sambista Arlindo Cruz, só os corações de pedra não se emocionaram com a imagem de um homem que, mesmo debilitado e doente, se fez presente num carro alegórico cercado de familiares, amigos e um aparato médico que envolvia até balões de oxigênio.
A Imperatriz Leopoldinense se sagrou campeã e a Império Serrano foi rebaixada. Babi Cruz, esposa de Arlindo, se revoltou com o rebaixamento, mas ela mal sabia que esse seria o pior dos seus martírios.
Em entrevista para Fábia Oliveira, do Em Off, a empresária assumiu que está namorando com André Caetano, rapaz que ela conheceu durante as eleições no ano passado, quando concorreu a uma vaga como deputada estadual no Rio.
“Eu conheci o André Caetano no momento da política. Ele foi um coordenador e nós estamos começando um relacionamento. Está na hora de pensar em mim. O Arlindo é a prioridade da minha vida, uma prioridade da minha família e, se eu vier a me relacionar com alguém, quem quer que seja, vai ter que ter o Arlindo como prioridade”, disse ela.
Arlindo Cruz sofreu um AVC em 2017. Em julho de 2022, Babi deu uma entrevista onde afirmou que “Não tenho, absolutamente nenhuma expectativa! Já tive. Muito duro dizer isso, mas não tenho. Acabou. Agora é outra história, outro papo, outra realidade. Agora é dar qualidade de vida para ele, cuidar dele, e é isso”, desabafou.
O que se passa na intimidade de um casal é de responsabilidade de ambos. Em 2018, foi confirmado que Arlindo Cruz teve um filho fora do casamento, um rapaz de 22 anos à época. O sambista também possui histórico público de abuso de álcool e drogas. Os efeitos de álcool e drogas dentro de um casamento não devem ser dos mais fáceis de lidar (contém ironia). O quadro clínico de Arlindo Cruz é irreversível. Mas Babi Cruz continua viva.
Ser mulher preta dentro de um país que mata uma mulher a cada sete horas, já é por si só uma sentença. Mas ser esposa de um homem famoso acrescenta mais uma camada de pecado.
Mesmo afirmando categoricamente que irá continuar cuidando do sambista e destacando que ele é sua prioridade, Babi cometeu o grande pecado público de querer continuar viva. Ser amada e cuidada. Um cuidado que ela própria designou durante toda sua vida à família e ao marido enfermo. Quem cuidou de Babi?
Uma pesquisa realizada em 2019 pelas universidades de Stanford e Utah e pelo Centro de Pesquisa Seatle Cancer Care Alliance, todos dos Estados Unidos, indicou que a mulher tem seis vezes mais chances de ser abandonada pelo marido após a descoberta de uma doença grave.
Em 2020, a Sociedade Brasileira de Mastologia publicou um estudo mostrando que cerca de 70% dos homens abandonam suas companheiras após o diagnóstico de câncer de mama.
As enfermarias de hospitais estão cheias de mulheres cuidando dos seus filhos, dos seus pais, dos seus irmãos e dos seus companheiros. Mas raramente se vê um homem cuidando de alguém.
O grande pecado de Babi Cruz não foi revelar que está em um relacionamento. Nem foi assumir um relacionamento enquanto o marido se encontra num quadro clínico irreversível. O grande pecado de Babi é ser mulher e querer continuar viva.
Taty Valéria