Oito anos após a destruição da imagem de Iemanjá, localizada no final da Av. Cabo Branco, em João Pessoa, a Rede de Mulheres de Terreiro da Paraíba e o Movimento de Mulheres Negras da Paraíba realizaram na manhã de ontem uma manifestação em frente à Assembleia Legislativa da Paraíba, na Praça dos Três Poderes, com o objetivo de denunciar a intolerância religiosa e a depredação do patrimônio cultural e religioso dos povos de terreiro. Além de cobrar do poder público a reconstrução da imagem e sua relocação, o grupo entregou à autoridades políticas o dossiê Racismo Religioso – Ataque à imagem de Iemanjá, “um documento que traz um apanhado de informações sobre os diversos ataques sofridos pelas religiões de matrizes africanas com as constantes depredações ao símbolo da fé e da devoção sagrada que é a estátua de Iemanjá, desde 2013”.
Assinado por 14 organizações, grupos, coletivos e movimentos sociais da Paraíba, o dossiê traz na íntegra, documentos datados desde o momento em que foram divulgados e protocolados, além de ações e tentativas de evidenciar esse racismo religioso com atos públicos, notas de repúdios, tentativas de diálogos com a gestão executiva municipal. O dossiê ainda exige que a Administração Pública de João Pessoa “reafirme o seu dever de enfrentamento ao racismo e a intolerância religiosa e a garantia da liberdade religiosa”.
A ekedi Gorete Oyáladê, representante do Grupo de Mulheres de Terreiro Iyálodé e da Rede de Mulheres de Terreiro, explicou a escolha da data, 21 d março, para a realização do protesto “Esse é o Dia Nacional das Tradições das Raízes Africanas e Nações do Candomblé. E também faz 8 anos que buscamos um retorno das autoridades sobre a reconstrução da imagem de Iemanjá. Queremos uma nova estátua, feita de alumínio fundido, queremos trazê-la para a Praça dos Pescadores fazer do local o marco do povo de matriz africana e de resgate da cultura africana e tradicional”, afirma Gorete, que reforça a obrigação em se respeitar as religiões e crenças. “O que aconteceu com a estátua de Iemanjá não tem outro nome, é intolerância religiosa! As pessoas falam tanto de respeito, humanidade e fraternidade, mas depredam uma imagem sagrada apenas por não gostarem dela?! Respeitem nosso axé assim como nós respeitamos seu amém”.
O protesto teve início na praia de Cabo Branco, com a ação de colagem de cartazes realizada na Praça de Iemanjá, local onde a imagem foi depredada. De lá, o grupo partiu para a Praça dos Três Poderes e na ocasião, realizaram a entrega do dossiê Racismo Religioso – Ataque à imagem de Iemanjá aos parlamentares paraibanos.
Taty Valéria, matéria publicada no jornal A União