A ex-primeira-dama da Paraíba Pâmela Bório (PSC), investigada por participar da depredação de prédios públicos em Brasília no 8 de Janeiro, quer fazer um acordo de não persecução penal. A informação foi publicada na coluna de Lauro Jardim, na última quinta-feira (6).
Pâmela Bório apareceu em vídeos e fotos nas redes sociais dela e de terceiros durante a manifestação golpista.
À época dos atos, após a repercussão de sua participação, ela divulgou nota afirmando que estava realizando uma “cobertura jornalística”.
Para a PGR, “as fotos publicadas em rede social evidenciam que a representada acompanhava a turba durante as invasões aos prédios públicos”, mas a PGR investigava se ela havia participado da “efetiva destruição dos bens pertencentes ao erário ou se a representada apenas incitou os atos criminosos”.
A PGR já havia pedido para oferecer o acordo. Em novembro, Alexandre de Moraes, relator das ações no STF, paralisou o caso para que pudessem negociar.
Na quinta-feira, o advogado Helio Garcia Ortiz Junior, que defende Pâmela Bório, comunicou a Moraes o interesse dela em “celebrar o acordo de não persecução penal”.
Depoimento na Polícia Federal
Em junho do ano passado, Pâmela Bório prestou depoimento na Polícia Federal sobre sua participação nos atos golpistas do 8 de janeiro.
Durante as oitivas, Pâmela declarou que:
Chegou atrasada, pois havia chegado em Brasília, por volta das 13:15h, e inicialmente se dirigiu à casa de parentes para se acomodar e se alimentar. Por volta das 17h30 foi de Uber, sozinha, até o local das manifestações;
Até então não estava ciente do que estava acontecendo, mesmo porque estava cm deslocamento;
Foi até Brasília de ônibus fretado, em férias, junto com seu filho de 12 anos;
Conseguiu a vaga de uma amiga que desistiu de ir, de quem a declarante comprou as passagens, no valor de RS 400,00 cada;
Não se recorda do nome da empresa a qual pertencia o ônibus fretado;
Reitera que até então não sabia que houvera qualquer tipo de invasão a áreas restritas, pois não estava acompanhando pela televisão ou redes sociais;
(o advogado pediu a palavra para registrar que a senhora Pâmela tem um diagnóstico de transtorno do espectro de autismo, o que por vezes pode afetar sua percepção de tempo, espaço e compreensão da realidade; acrescenta que a viagem a Brasília também foi motivada pelo diagnóstico do filho da declarante que possui TDAH, sendo que, nessa ocasião, a declarante foi surpreendida pelo próprio diagnóstico de transtorno do espectro de autismo);
Quando os policiais começaram a lançar as “bombas de gás”, a declarante imediatamente se retirou do local, como uma reação inclusive decorrente de seu diagnóstico, uma vez que não possuía condições de enfrentar a situação de conflito que se delineou;
Que não sabe informar quanto tempo passou no local, mas apenas que quando percebeu o que estava ocorrendo, voltou para casa;
Que não sabe informar quem foram os organizadores ou financiadores da viagem de João Pessoa até Brasília;
Que além de seu filho de 12 anos, que a acompanhou em férias e tratamento médico, ninguém mais a acompanhou na viagem ou realizou a viagem a seu convite;
Que dentro de sua compreensão, a declarante não chegou a adentrar em nenhuma área restrita ou proibida aos manifestantes, e não tinha conhecimento de que outros manifestantes haviam adentrado lá, tampouco viu qualquer invasão, depredação ou dano ao patrimônio público, mas apenas as manifestações no que considera área pública.
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