Cendac promove seminário para debater a violência contra as mulheres na mídia

O Centro de Apoio à Criança e ao Adolescente (Cendac) realizou nessa terça-feira (17) o Seminário Violência contra a Mulher: é preciso meter a colher!, para discutir as formas de violência na mídia e como a sociedade pode contribuir para erradicar a violência contra as mulheres e meninas na Paraíba.

A atividade faz parte de uma campanha que o Cendac deve lançar em 2025, com o objetivo de informar e conscientizar a sociedade sobre a importância da denúncia da violência e sobre os serviços disponíveis no estado para cuidar das mulheres e meninas, sobreviventes de violência de gênero. Participaram da formação jornalistas e professoras da rede estadual de ensino.

A abertura foi realizada pela presidente do Cendac, Valquíria Alencar, que contextualizou a violência na Paraíba, enfocando seus aspectos históricos, culturais e sociais. “A informação é essencial neste sentido, pois as pessoas precisam saber como denunciar, e também acolher aquela mulher que esteja passando por esta situação, como ajudá-la e informá-la sobre os serviços na Paraíba. Toda a sociedade e instituições precisam se envolver nesta luta, por isso, enfatizamos este lema É preciso meter a colher, porque não podemos ficar paradas diante desta situação preocupante”, enfatizou a presidente do Cendac.


O seminário foi conduzido pelas jornalistas Mabel Dias e Tatyana Valéria, que abordaram como as mídias tradicionais e digitais abordam os casos de violência de gênero, com a colaboração da assistente social Douraci Vieira. Segundo Taty Valéria, a divulgação desses casos na mídia paraibana acontece de maneira sensacionalista e culpabilizando as vítimas e as mulheres que sobreviveram a algum tipo de violência praticada, geralmente, por alguém com quem ela mantém um relacionamento. A jornalista apresentou dois casos emblemáticos que retratam esta situação: o de Vivianny Crisley, assassinada em 2016, e da menina Júlia dos Anjos, de apenas 12 anos de idade, assassinada pelo padrasto em 2022.

Em setembro deste ano, a Secretaria de Estado da Mulher e da Diversidade Humana da Paraíba, em parceria com o Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social, Observatório Paraibano de Jornalismo e a Rede de Atenção às Mulheres em Situação de Violência Doméstica da Paraíba (Reamcav) lançou o Guia de Combate à Violência contra as Mulheres: diretrizes para uma cobertura responsável, direcionado para os meios de comunicação do estado, com orientações para uma cobertura ética e humanizada dos casos de violência contra as mulheres e de feminicídio.

Em sua apresentação, a jornalista Mabel Dias destacou a ocorrência de violência contra as mulheres na mídia on-line, especialmente nas plataformas digitais. Dentre estas violências apontadas pela jornalista estão o doxxing (divulgação de informações particulares), stalking (perseguição), deep nudes e o cyberbullyng. Mabel divulgou alguns dados da pesquisa, realizada pelo NetLab, da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a pedido do Ministério das Mulheres. A pesquisa, divulgada neste mês de dezembro, mostra a presença maciça de conteúdo de ódio contra as mulheres em uma das principais plataformas de vídeos na internet. Os pesquisadores do NetLab identificaram 137 canais misóginos, que juntos, somam 105 mil vídeos, com 3,9 bilhões de visualizações.

fotos: Rizemberg Felipe

com informações da Secom/PB

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