O que sabemos, e o que ainda não sabemos, sobre a acusação de estupro envolvendo o Neymar

By 4 de junho de 2019Brasil, Justiça
foto: Veja

Tudo começou no último sábado (1).
Uma mulher de 26 anos registrou boletim de ocorrência em São Paulo, acusando o jogador Neymar de estupro. O crime, segunda ela, teria ocorrido num hotel em Paris, cidade em que Neymar mora, no dia 15 de maio.

A vítima relatou à polícia que encontrou o atleta embriagado e que os dois trocaram carícias. Mas que, em determinado momento, o jogador ficou agressivo e a forçou uma relação sexual.

No depoimento, a jovem disse que ficou muito abalada e com medo de registrar o caso em outro país. Disse também que viajou a Paris com passagens e hospedagem pagas por Neymar.

Nesse mesmo dia, Neymar Pai entra ao vivo, por telefone, no Programa do Datena e diz que foi tudo armação e que o jogador está sendo vítima de extorsão. Datena, que adora bradar que aos 12 anos um menino morador de favela já é sim responsável por seus atos, chama Neymar de garoto e diz, em rede de TV nacional o nome da vítima, apesar do caso correr em segredo de justiça.

No domingo (2), Neymar toma mais uma atitude condizente com sua fama de “inconsequente” e divulga um vídeo, mostrando conversas (que só provam que eles tinham algum relacionamento) e fotos íntimas da vítima.

Também no domingo, surge um perfil fake no Twitter, alegando ser da vítima.

O fato rendeu debates calorosos nas redes sociais. Há quem acredite na culpa de Neymar, há quem o defenda. Há os que creem que a moça é uma golpista em busca de fama.

Nesta segunda-feira (3) pouco depois do meio dia, foi divulgado um laudo médico, assinado por um gastroenterologista, de exames realizados no dia 21 de maio pela vítima e que aponta hematomas, problemas gástricos, perda de peso e sintomas de stress pós-traumático. Os exames foram feitos seis dias depois do suposto encontro do jogador.
O laudo ainda relata quadro de “dor, perda de peso, ansiedade e problemas gástricos pós-episódio de estresse emocional e hematomas provenientes de agressões na região das nádegas e pernas”.

O site O Globo conversou com parentes da vítima, que se mostraram surpresos. “A última vez em que esteve em casa, dias atrás, chegou abalada. Disse que tinha ido a Paris e que a viagem havia sido ‘turbulenta’”.

No final da tarde desta segunda, o vídeo que Neymar postou, divulgando conversas e fotos íntimas com a vítima, foi retirado do ar.

Já agora à noite, a Nike, uma das principais patrocinadoras de Neymar, se diz preocupada com as acusações de estupro envolvendo o atacante.

E o Jornal Nacional desta segunda ainda veio com outra bomba: o antigo advogado da vítima afirma que se tentou fazer um acordo com o jogador antes de levar o caso à justiça. Mostrou também que a CBF pediu que a justiça só dê continuidade ao inquérito depois da Copa América. E ainda divulgou trechos da conversa de Neymar com a mulher que são, no mínimo, constrangedores.

O que sabemos:

Havia um relacionamento entre os dois. Isso não implica uma declaração de inocência. Manter um relacionamento (por amor, prazer ou dinheiro), não dá salvo conduto para uma relação sexual sem consentimento.

Datena, assim como milhares de defensores do Neymar, ainda o trata como um “garoto”. Neymar tem 27 anos. Não pode mais ser considerado um garoto.

A mídia de forma geral, salvo algumas poucas exceções, tem se mostrado eficiente em tentar desqualificar a palavra da vítima.

Se Neymar for inocente na acusação de estupro, deve ser investigado por outro crime: Uma lei sancionada em 2018 alterou o Código Penal e inclui como crime “oferecer, trocar, disponibilizar, transmitir, vender ou expor à venda, distribuir, publicar ou divulgar, por qualquer meio – inclusive por meio de comunicação de massa ou sistema de informática ou telemática -, fotografia, vídeo ou outro registro audiovisual que contenha cena de estupro ou de estupro de vulnerável ou que faça apologia ou induza a sua prática, ou, sem o consentimento da vítima, cena de sexo, nudez ou pornografia”. A pena prevista é de um a cinco anos de prisão.

Só três fatores podem “acabar com a carreira” de um jogador de futebol:
1. Perder a forma/jogar mal
2. Se lesionar seriamente
3. Ser “acusado” de ser gay (vejam o caso de Richlarlyson)
Cristiano Ronaldo foi acusado de estupro. Robinho foi acusado de estupro. Bruno, ex goleiro do Flamengo, foi condendado por assassinar e esquartejar Elisa Samúdio. Saiu em condicional pra jogar futebol e as pessoas faziam filas pra tirar foto com o “ídolo”.

Existe um vídeo gravado pela vítima, mas ainda não foi divulgado.

Neymar precisa urgentemente de um profissional de marketing pessoal.

O que ainda não sabemos:

O que realmente aconteceu.

O fato é que, independente do desfecho, essa história fede. E muito.
Aguardemos os novos capítulos.

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