Vereadora de JP ignora entidades internacionais do esporte e quer proibir transexuais em competições

By 4 de junho de 2019Fora do Armário

O exemplo da jogadora de vôlei Tiffany parece ser ignorado por muitos. A transexual é a primeira atleta do vôlei profissional a competir como mulher. Na época em que foi aceita para jogar, muita gente saiu em ataque da CBV, da atleta, dos dirigentes. Mas, a verdade é que o preconceito foi quebrado e ninguém viu nada demais em aceitar as escolhas de Tiffany e hoje ela é feliz fazendo o que faz.

O problema é que da ala daqueles que não aceitam transexuais participando de competições que sejam diferentes da do seu sexo biológico está uma vereadora de João Pessoa. Em pleno 2019, Eliza Virgínia acha justo que seja proibida a participação de transexuais e encontra justificativa pra isso, chegando a sugerir multas para as equipes que não cumprirem a determinação.

“Pelo fato de terem nascido homens, o corpo foi moldado com auxílio do hormônio masculino testosterona. Já as mulheres atletas, não têm esse direito de uso do referido hormônio para aumentar a capacidade corporal, pois são monitoradas por exames antidoping. Caso as atletas sejam pegas com alto índice de testosterona no sangue, elas são punidas até mesmo com a perda de títulos conquistados”, diz o texto do Projeto de Lei Ordinária 1147/19.

A vereadora também cita Tiffany no seu texto, mas esqueceu de citar ou não citou de propósito o fato da atleta ser constantemente monitorada seus índices de testosterona e em todos os testes esses níveis apresentarem bem abaixo do que de um homem normal. A atleta tem níveis hormonais semelhantes às colegas.

Em meio às críticas, Tiffany segue respaldada pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) e pela FIVB (Federação Internacional de Vôlei). Ambos têm normas que permitem a participação de mulheres trans no esporte, desde que cumpram requisitos específicos, como ter um nível específico de testosterona.

Mas, parece que João Pessoa é um mundo à parte na cabeça de Eliza Virgínia. Tanto que ela parece ignorar a postura de entidades internacionais do esporte e quer que o município passe a tomar as decisões baseadas no contexto político atual do achismo, da opinião de quem não sabe o assunto ou por supostos interesses em agradar aos evangélicos.

Atualmente o projeto de lei está na Comissão de Finanças, Orçamento, Obras e Admnisração Pública e já recebeu parecer favorável do relator pela aprovação.

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