Qual o preço de uma opinião? Qual o caminho que o jornalismo no Brasil tende a seguir a partir de 2019? São perguntas que já temos a resposta, o que ainda não temos é a dimensão disso.
Acompanhamos desde o mês de junho, as reportagens especiais que o site The Intercept vem publicando sobre os vazamentos de mensagens trocadas com integrantes da Lava Jato. A Folha de São Paulo e a revista Veja agora fazem parte dessa verdadeira força tarefa com o objetivo de mostrar o caráter inteiramente político de uma ação que pode até ter começado com propósitos nobres, mas que degringolou no meio do caminho. Diante desses fatos, se ataca a imprensa, e não o conteúdo.
Raquel Sherazade teve a cabeça colocada à prêmio no SBT por sua opinião contrária ao desgoverno que aí está.
Aqui na Paraíba, dentro do nosso contexto, estamos vivendo algo parecido, dada as devidas particularidades. Edilane Ferreira foi ameaçada por expor, de forma clara e responsável, a farra nas diárias de vereadores. Essa semana outra jornalista sentiu o peso da censura.
Verônica Guerra expôs sua opinião sobre a forma desrespeitosa com que foram tratados os corpos de 8 suspeitos de assalto e de ter assassinado um policial. Dentro de uma caçamba, celebrados como se fosse final da Copa do Mundo, com fotos dos corpos amontoados rodando a internet e todo tipo de vídeo com a vibração de um hexacampeonato. Depois de ser afastada do programa em que dividia a bancada, a jornalista pediu demissão.
Podemos criar um debate extenso sobre o preço da vida, sobre as consequências de se entrar no mundo do crime, sobre o assassinato do policial, sobre falta de recursos, sobre a abordagem policial que atravessou a fronteira de um estado… Podemos concordar, ou não, com a opinião da jornalista. Mas não é esse o ponto.
O ponto é que talvez, emitir uma opinião em tempos de reacionarismo e conservadorismo exacerbado, traga consequências pesadas demais. E parte daí a grande arma de resistência para quem faz do jornalismo (sério) seu ofício: se calar não é uma opção.
Taty Valéria