O Brasil se tornou um país que nem aos domingos, temos paz.
Circulou durante todo o dia a fofoca (sim, fofoca, porque notícia, não é mesmo) que a primeira dama Michelle Bolsonaro estaria muito “próxima” ao ex-ministro Osmar Terra, e uma avalanche de memes e comentários de gosto duvidoso começou a pipocar nas redes sociais feito lava de um vulcão que está prestes a explodir.
Essa cereja do nosso bolo veio fechar uma onda de machismos que vem assolando o país desde o dia 1º de janeiro de 2019, quando Bolsonaro assumiu a presidência e afundou todos nós no esgoto do reacionarismo.
O mais interessante dessa avalanche machista é que a misoginia não tem poupado nenhuma mulher. Já falamos aqui sobre o tal “clube”, e é uma falha grave a análise de contexto de qualquer mulher que se sente protegida por fazer parte do dele. Nenhuma mulher faz parte desse clube. A jornalista Vera Magalhães foi uma das mulheres ‘conservadoras’ a sentir o gosto amargo do machismo. Durante anos foi uma das porta vozes do reacionarismo, do ódio à esquerda, falou mal da Dona Marisa Letícia, chamou personalidades da esquerda de ‘bandidos’… esse posicionamento não a protegeu quando resolveu divulgar um vídeo do presidente que ela ajudou a eleger.
Joice Halsseman e Rachel Sherazade também estão pagando o preço. Elas se achavam parte do clube, mas não são. Nunca foram.
A Michelle Bolsonaro agora é o alvo. “A primeira-dama vem demonstrando certo desconforto no casamento com o presidente Jair Bolsonaro”, de acordo com informação da IstoÉ. “Ela chegou, inclusive, a viajar sozinha pelo país com Osmar Terra, o que seria o principal motivo de sua queda”.
O que acontece com o casamento da Michelle só diz respeito à ela, e ao marido. Ninguém mais. Só que na ânsia de atacar o presidente (e não nos faltam motivos pra isso) jogamos a munição numa mulher. Mais uma.
O que nos interessa da vida de Michelle é sua relação com a milícia, com o cheque de R$ 24 mil depositados em sua conta pelo sumido Queiroz, mas disso, ninguém fala.
Faltando uma semana para o 8 de Março, dia Internacional da Mulher, vemos que o debate em torno dos temas que circundam a data, ainda gira em círculos.
Taty Valéria