O Ministério da Saúde incluiu gestantes e puérperas no grupo de risco para o novo coronavírus — ou seja, para o grupo de pessoas que têm mais chance de que a doença evolua para quadros graves. De acordo com informações da pasta, todas as grávidas ou mulheres que deram à luz estão mais suscetíveis aos efeitos da covid-19 por até 45 dias após o parto. Antes, vinham sendo consideradas grupo de risco apenas gestantes de alto risco.
Ainda não há estudos conclusivos que comprovem um perigo maior da covid-19 para grávidas e puérperas, mas a inclusão dessas mulheres no grupo de risco levou em consideração a ação de outros coronavírus e vírus gripais já conhecidos e estudados.
O Ministério da Saúde informou em nota:
“As gestantes e puérperas são mais vulneráveis a infecções e, por isso, estão nos grupos de risco do vírus da gripe. Estudos científicos apontam que a fisiopatologia do vírus H1N1 pode apresentar letalidade nesses grupos associados à história clínica de comorbidades dessas mulheres.
Sendo assim, para a infecção pelo covid-19, o risco é semelhante pelos mesmos motivos fisiológicos, embora ainda não tenha estudo específico conclusivo. Portanto, os cuidados com gestantes e puérperas devem ser rigorosos e contínuos, independentemente do histórico clínico das pacientes“.
A infectologista e pediatra Cristiana Meirelles reitera que o caráter da decisão da inclusão dos grupos pelo Ministério da Saúde é uma prevenção baseada em conhecimento prévio sobre outras doenças em grávidas e puérperas.
“A gente está fazendo uma analogia por influenza e outros vírus respiratórios, porque ainda não há um estudo robusto dos impactos do novo coronavírus em gestantes e puérperas”, afirma ela. “Quando uma mulher fica grávida e tem filho, o sistema imunológico dela naturalmente fica deprimido, um pouco deficiente, o que traz maior vulnerabilidade.”
Informações desencontradas
O governo de São Paulo informou, por telefone, que no estado a contagem não tem anotado as puérperas como grupo de risco. A Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro informou, em e-mail, que o grupo também não vem sendo incluído nessa categoria.
A mesma posição foi adotada pela Secretaria de Saúde de Minas, que explica: “O que existe na forma de recomendações atualmente estará sujeito a modificações a partir da geração de novos conhecimentos. Até o momento, as publicações disponíveis sugerem que a evolução da covid-19 na gestação não é diferente do mesmo grupo da faixa etária.”
Cuidados intensivos
Embora não haja cuidados específicos, há precauções que podem ser tomadas.
Não interrompa as consultas de pré-natal e puerperal.
Deverá ser garantida a realização dos exames solicitados durante o pré-natal, imunização das gestantes e puérperas, assim como o agendamento de exames de imagens.
É direito garantido por lei a presença de acompanhante no atendimento obstétrico. Contudo, antes do
atendimento, deve-se discutir com o casal/família a possibilidade de apenas a gestante/puérpera comparecer às consultas e aos exames de pré-natal para se evitar aglomerações, durante o período da pandemia.
Redobre o cuidado com a higienização no contato com o filho. Principalmente quando houver contato com o bebê, durante a manipulação, use álcool em gel, lave ainda mais as mãos, ainda que não apresente sintomas, já que uma das grandes dificuldades por enquanto são os casos assintomáticos.
A higienização de materiais de contato, como bombas extratoras, também deve ser reforçada.
O uso de máscara é recomendado na manipulação do bebê.
Visitas devem ser completamente evitadas.
O calendário de vacinas não pode ser esquecido. Apesar da pandemia, o recém-nascido precisa tomar a vacina contra a hepatite B e o BCG. É importante fugir de aglomerações, procurar um horário mais tranquilo para ir, mas não deixar de vacinar.
A saúde da mãe deve estar em dia. Hidratação, sono e boa alimentação são essenciais para manter a
imunidade.