Como uma postagem no twitter salvou a primeira loja de bonecas negras do Brasil

By 22 de maio de 2020Lute como uma garota

Ela era uma menina negra, que sonhava em ter uma boneca que se parecesse com ela. A menina cresceu e resolveu começar a fabricar suas próprias bonecas negras, para que outras meninas pudessem se ver representadas.

Juntou as economias, procurou parcerias e finalmente monteu sua confecção e sua loja de bonecas negras. Mas veio a pandemia, o isolamento social, o fechamento do comércio e a pequena empreendedora viu seu sonho se desmanchar. Até que uma postagem no twitter mudou tudo.

Enquanto via sua loja, um sonho de infância, rumar para a falência com a quarentena e o fechamento do comércio, Jaciana Melquíados, 36, resolveu fazer um desabafo no Twitter —e foi isso que fez sua sorte mudar. É dela a Era uma Vez o Mundo, que ela conta ser a primeira loja exclusiva de bonecas negras do país, inaugurada em fevereiro de 2019.

A marca tinha duas filiais físicas, uma em Copacabana, na zona sul do Rio, e outra em Madureira, na zona norte da cidade. O negócio, tem um valor sentimental e político para Jaciana. Negra, ela sempre quis ter uma boneca que se parecesse com ela. As vendas iam bem, até que o negócio foi atingido em cheio pela pandemia do coronavírus.

“As lojas fecharam no dia 13 de março. Em uma delas, quem trabalhava era a minha mãe, de 68 anos, eu não tinha como arriscar”, conta ela. Durante o mês de março, com as lojas fechadas, ela viu as vendas despencarem e as parcerias com escolas nas quais promove oficinas serem canceladas. Foram dias difíceis.

“Eu fiz um fio no Twitter dia 14 de maio, falando de como comecei a empreender, de como acredito no que eu faço, e de como a loja está quebrando, porque a gente investiu toda a nossa grana em espaço físico, acreditando que esse era o caminho. E, de repente, por causa da pandemia, eu precisei fechar”, conta ela.

Como a maioria dos pequenos empreendedores do país, Jaciana e sua marca não tinham muito dinheiro em caixa e novos investimentos tinham sido feitos nos espaços físicos.

“Pensamos em impulsionar a marca nas redes, fizemos propaganda, mas não adiantou. Meu desabafo no Twitter foi quase chorando, um sentimento de tristeza enorme, pensando que teria que procurar outro emprego”, diz ela.

Foi aí que a sorte mudou. O post de Jaciana teve mais de 6.000 curtidas e alguém, que até hoje ela não sabe quem foi, fez o seguinte texto, que circulou pelo Whats App: “A Era Uma Vez o Mundo, loja de bonecas pretas, está quase quebrando com o fechamento da loja na quarentena. A dona, Jaciana Melquiades, está pedindo nas redes a ajuda de quem puder divulgar e/ou comprar. As bonecas são vendidas pelo site: https://eraumavezomundo.com.br.”

“Queria muito saber quem foi que escreveu a mensagem, que começou a circular pelo WhatsApp. Essa pessoa simplesmente garantiu o funcionamento da Era uma Vez o Mundo pelos próximos dois meses, já que no fim de semana e nesses últimos dias, eu vendi mais de 100 bonecas”, comemora.

“O número pode não parecer muito, mas para o pequeno empreendedor, como é muito fácil quebrar pela falta fluxo de caixa, um valor que entre assim pode salvar o negócio”, completa Jaciana. Com as vendas, ela conseguiu pagar suas costureiras e voltou a colocar seu pequeno ateliê no bairro do Santo Cristo, no centro do Rio, em funcionamento.

“A gente está pensando logísticas para que as pessoas possam trabalhar de casa, de forma segura. Devo levar máquinas de costura na casa de duas costureiras”, comemora, feliz.

da redação, com informações do Universa

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