A Covid-19 foi considerada uma pandemia no dia 11 de março, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). De março até o final do mês de junho, a Paraíba já contabilizou o nascimento de 12.303 bebês, numa média de pouco mais de 4 mil bebês por mês.
Se já é difícil passar pelo isolamento social e pelo abalo emocional causado pela pandemia, imagine a situação das grávidas que precisaram e ainda precisam passar por tudo isso?
Um ponto em comum entre as mulheres que estão vivendo essa fase é o medo e a incerteza. Planos que foram refeitos, encontros que foram cancelados, receios que não existiam.
“Foi uma ingrata surpresa que mudou todo o planejamento que eu tinha feito. Foi muito difícil e preocupante e tudo que gerava ansiedade passou a gerar ainda mais”, afirma Priscilla Araújos, que teve sua primeira filha no início do mês de junho.
Priscilla planejava ter sua filha de parto natural, pelo SUS. Mas tudo mudou nas 33 semanas de gestação. Quando estava com 33 semanas, tivemos um pequeno susto e precisamos recorrer ao atendimento hospitalar. Foi quando presenciei o caos: profissionais despreparados, preocupados, desinformados e desconcertados, e toda essa situação era passada para os pacientes. Pensei na hora ‘Como vou ter minha filha aqui?'”
Pricilla e a pequena Helena. Arquivo pessoal |
Priscilla, que não tem plano de saúde, precisou contratar o serviço da rede privada. “Eu precisei procurar um lugar mais tranquilo, reservado e o mais isolado possível, que só seria possível na rede privada”, afirmou.
Poliana Gomes Figueiredo Hussain, que já está na última fase de gestação, também lamenta os planos que foram abandonados. “Gostaria de ter feito o enxoval, de ter reunido as amigas para um chá de fraldas, tudo aquilo que fiz com meus outros filhos, e que precisou ser adaptado. Eu planejava ter minha filha fora daqui, então me senti castrada. E quando achei que aqui estaria mais seguro, ficou pior. Ainda tentei que o parto da minha filha fosse na mesma maternidade em que tive meus outros filhos, e também precisei desistir”, conta.
Poliana. Arquivo pessoal |
Apesar dos receios e das adaptações, ela conta que se sente relativamente tranquila. “Me sinto plena, embora com todos os medos que a pandemia traz, estou numa fase gestacional que não é fácil, mas tenho tentando me manter tranquila. Estou saudável, meu bebê também. Só me resta esperar e confiar que tudo ocorra bem e que seja tudo tranquilo e que possamos estar em casa o mais rápido possível”, afirma Poliana
Um dos pontos em comum entre essas duas mães, que estão em fases diferentes, diz respeito ao pouco conhecimento sobre o vírus e suas consequências no futuro.
Priscilla conta que sentiu muito medo durante a gestação. “Não sabemos de fato as consequências, e se haverá consequências, especialmente para as grávidas e para o bebê expostos ao vírus. Ainda se sabe muito pouco”. Poliana tem a mesma opinião. “Tenho medo porque essa pandemia é algo que ninguém ainda explica e temos medo do desconhecido. Tenho receio de saber que convivo no meio desse vírus e estou vulnerável, tenho medo até de um resfriado”, disse.
Outra questão em comum diz respeito às novas formas de convívio.
“Os avós paternos ainda não conheceram pessoalmente a netinha, só por vídeo conferência, assim como outros familiares e amigos. Só minha mãe, que veio para cuidar mim, conheceu Helena”, afirma Priscilla.
Poliana também já tomou essa decisão, e amigos e família vão conhecer sua filha por chamada de vídeo. “É bem angustiante porque sempre gostei de ter pessoas queridas por perto”.