Sexo com dor não é normal, mas atinge uma a cada cinco brasileiras

By 23 de julho de 2020Brasil, Lute como uma garota

Desde muito cedo, ao contrário dos meninos, as meninas são condicionadas à não falar sobre sexo, não perguntar e não questionar. Muitas iniciam a vida sexual sem ter o mínimo conhecimento sobre o próprio corpo, e isso acaba trazendo consequências, no mínimo, desagradáveis.

Rebeca* teve a primeira relação com o primeiro namorado. Na época, os dois eram adolescentes e ambos inexperientes. “Sempre ouvi das amigas que a primeira vez doía muito, o que realmente aconteceu. Mas o pior é que todas as vezes doíam, e eu achava que aquilo era normal”, diz a estudante, que só percebeu que era um problema depois de perder a vergonha e perguntar à sua médica.

Assim como Rebeca, 18% das mulheres brasileiras sentem dor ou desconforto durante a relação sexual. Os dados são de uma pesquisa do Programa de Estudos em Sexualidade (ProSex) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).

Mas o que causa esse desconforto? O que podemos fazer para que esse problema se resolva para que essas mulheres tenham uma vida sexual plena e satisfatória?

De acordo com Bárbara Schneider Eisele, ginecologista e obstetra, essa é uma das queixas mais comuns em seu consultório. “Muitas mulheres, por falta de informação, convivem por anos com disfunções, sem saber exatamente qual o seu problema e como tratá-lo”. A médica ressalta, a importância de uma avaliação médica completa, com exame físico ginecológico e história clínica da paciente, para determinar a causa dessa dor, que pode ter diversas origens.

Doença inflamatória pélvica.

É uma das causas mais comuns, também conhecida como DIP, que é geralmente ocasionada por uma doença sexualmente transmissível (DST), como a gonorreia ou a clamídia. Nessa situação, é uma dor de início recente, e não crônica.

“No exame físico, normalmente conseguimos determinar a causa. A paciente tem uma dor importante no toque vaginal, principalmente quando a gente mobiliza o colo do útero”, explica a ginecologista.

As infecções são tratadas com antibiótico e a dor é facilmente reversível. Outra DST que pode causar dor é a herpes, que origina ardência na região.

Vulvodinia

É uma irritação crônica da vulva que pode ser desencadeada por uma inflamação, infecção ou por alterações hormonais. Gera uma alteração na sensibilidade de toda a parte externa, que engloba os grandes e pequenos lábios, além do clitóris.

O tratamento é multidisciplinar e pode envolver analgésicos e terapia comportamental, além de fisioterapia pélvica.

Vaginismo

O vaginismo pode atingir até 6% da população de mulheres no Brasil. A disfunção é uma contração involuntária da musculatura pélvica. Essa contração não ocorre apenas na hora da relação sexual, mas também durante um exame ginecológico ou ao tentar colocar um absorvente interno.

O vaginismo diminui muito a qualidade de vida da mulher, porque atinge não só o relacionamento, mas também a autoestima e a saúde.

A causa da disfunção pode estar relacionada a diversas fatores, como um histórico de abuso sexual. Mas também pode ser resultado de uma educação sexual rígida ou de uma experiência sexual traumática.

“É no inconsciente que a paciente entende que sexo é errado, e o corpo vai refletir isso. Então, na hora que ela for tentar fazer sexo, tem uma contração involuntária. Muita coisa vem do inconsciente e se torna físico”, explica Amanda Almeida, fisioterapeuta pélvica.

Nesse caso, além do tratamento clínico, é importante associar com acompanhamento psicológico.

Líquen 

É uma doença dermatológica que também resulta em ressacamento vaginal. A dor costuma surgir no início da penetração, explica a ginecologista. A condição é tratada com o uso de corticoides, que apresentam uma boa resposta para o problema.

Menopausa

Depois desta fase, muitas mulheres experienciam uma condição chamada de síndrome geniturinária da menopausa, que pode ocasionar o ressecamento e a atrofia vaginal. Pela falta de lubrificação, a vagina fica seca e é isso que ocasiona a dor.

“Algumas pacientes que usam pílulas anticoncepcionais também podem ter diminuição na lubrificação e às vezes um pouco de atrofia, dependendo do tipo de anticoncepção usado” alerta a médica.

O tratamento pode incluir o uso de lubrificantes na hora da relação sexual, a aplicação de hidratantes vaginais ou até de estrogênio tópico nas pacientes climatéricas ou pós-menopáusicas.

Algumas situações não envolvem problemas clínicos, por isso é  fundamental observar se a dor não é fruto da falta de excitação. As profissionais explicam que, quando a mulher fica excitada, o seu canal vaginal se alarga, tanto para os lados quanto para cima. Quando essa excitação não ocorre, o pênis penetra em um espaço menor – e, consequentemente, pode machucar.

Há também a possibilidade de o pênis ser maior do que o canal vaginal, mesmo quando excitado. Nestes casos, a fisioterapeuta pélvica recomenda que o casal teste novas posições para as relações sexuais, de forma que o pênis não penetre completamente na vagina.

da redação, com informações do portal GauchaZH

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