Conheça mulheres negras que quebraram tabus e se tornaram pioneiras nas artes, nas leis, e na ciência

Elas não são super famosas.  Não ganharam best-sellers. Seus nomes ainda são desconhecidos da maioria dos brasileiros. Mas essas mulheres negras quebraram o racismo e o machismo, e com seu pioneirismo e coragem, se tornaram parte da nossa história. Hoje é Dia da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha, e temos a honra de apresentar mulheres negras que você precisa conhecer e se inspirar.

Lute como uma mulher negra!

Maria Firmina Reis

Maria Firmina dos Reis – primeira romancista negra do país

Em 1825, nascia em São Luís, no Maranhão, Maria Firmina dos Reis. Ela entrou para a história da literatura brasileira por ser a primeira romancista do país.Começou a carreira como professora e levou anos para conseguir publicar

 

seu primeiro e mais importante livro, ‘Úrsula’. Isso porque, além de ser mulher, Maria Firmina dos Reis era negra, e a escravidão ainda imperava no Brasil.

Publicou poesia, ensaios, artigos e palavras-cruzadas em jornais e revistas da época. Ela também compôs músicas com a temática abolicionista. Sua obra ficou conhecida por colocar a mulher e o homem negros sob perspectiva diferente do resto da literatura, como sujeitos centrais da história. Já quem lucrava com o comércio de escravos tinha seus atos de tortura revelados. Saiba mais aqui.

 

Antonieta de Barros, primeira deputada estadual do Brasil

Antonieta de Barros – primeira mulher negra a ocupar uma vaga no parlamento estadual

Antonieta de Barros foi uma jornalista, professora e política brasileira e primeira mulher negra brasileira a assumir um mandato popular, tendo sido pioneira e inspiração para o movimento negro, apesar de ter sua história invisibilizada. Antonieta teve um papel fundamental na história brasileira. Ela foi a primeira mulher negra a fazer parte da Assembleia Legislativa de Santa Catarina, ocupando um espaço inusitado, em um período em que a Abolição da Escravidão ainda era recente. Jornalista, educadora e ativista, nasceu há exatamente 117 anos, no dia 11 de julho de 1901.

 

 

Luislinda Dias de Valois, primeira juíza do país

Luislinda Dias de Valois – primeira negra a exercer o cargo de juíza no Brasil

Luislinda se mostrou lutadora contra o racismo ainda criança. Filha de motorneiro e de costureira, aos nove anos teve seu primeiro embate em uma sala de aula quando um professor a desprezou pela simplicidade de seu material escolar. Ele afirmou que se ela não podia comprar o material adequado, não devia estar estudando e sim cozinhando feijoada para brancos.

Foi nesse momento que surgiu a determinação da mulher que se tornaria, em 1984, a primeira negra a exercer o cargo de magistrado e a primeira a sentenciar, em 1993, tendo como base a Lei do Racismo no Brasil. Luislinda já foi homenageada e premiada em diversas esferas públicas e entidades no país e no exterior pelos projetos de inclusão e acesso à Justiça que desenvolveu nas comarcas pelas quais passou.

 

Esperança Garcia, primeira advogada negra

Esperança Garcia – primeira advogada negra do Brasil

Esperança Garcia foi foi escravizada , em uma das fazendas administradas pelo poder governamental, após a expulsão dos jesuítas. Em setembro de 1770, Esperança escreveu uma carta ao então governador do Piauí, Gonçalo Botelho, onde falava de justiça, esperança, na expectativa de poder ser ouvida com relação aos maus tratos que ela, sua família e suas companheiras escravizadas sofriam.descrevia os maus tratos que ela e suas compenheiras eram submetidas.

A carta escrita por Esperança Garcia tinha um tipo de texto que, segunda as nomenclaturas do Direito, poderia ser uma petição. Assim, mais de dois séculos depois, Esperança Garcia foi colocada no rol da advocacia brasileira e a Ordem dos Advogados do Brasil no Piauí (OAB-PI) concedeu o título de primeira mulher advogada do Piauí, e do Brasil.

 

 

Maria Odília Teixeira, primeira médica do Brasil

Maria Odília Teixeira – primeira médica negra no Brasil

Baiana de São Félix do Paraguaçu, superou as estatísticas e formou-se em medicina, sendo a primeira médica negra do Brasil, em 1909. Como se não bastasse o feito inédito para a sua raça, a médica foi também a primeira professora negra da Faculdade de Medicina da Bahia (cinco anos após conclusão de curso, lecionando Clínica Obstétrica), e inovou na sua tese inaugural quando pesquisou o tratamento da cirrose, quando o padrão era que médicas mulheres desenvolvessem suas pesquisas nas áreas de pediatria.

Para dedicar-se à família, apesar de não haver exigência do marido, Dra. Maria Odília Teixeira abandonou a profissão médica em 1920. Naquela época, o movimento feminista acumulava os seus primeiros avanços, mas ainda não tinha obtido, por exemplo, direito ao voto para as mulheres. E foi nesse cenário que a primeira médica negra do Brasil escreveu o seu nome na história: com independência profissional, sendo exemplo para a juventude da sua família e símbolo de orgulho para a medicina, para as mulheres e para o povo negro.

 

Taty Valéria

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