Desde o início da pandemia do novo Coronavírus, órgãos internacionais de proteção de mulheres alertam para o aumento de casos de violência doméstica em todo o mundo. Nós demos esse alerta aqui ainda no início do decreto de isolamento social. A ONU Mulheres já alertava sobre um terço de aumento nos casos de feminicídio e violência doméstica em todo o mundo. No Brasil, esse cenário parece ser ainda mais preocupante. De acordo com o relatório divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, à medida que o isolamento avançava, os registros policiais de lesão corporal dolosa no contexto de violência doméstica caíram significativamente, sugerindo que as vítimas não estão conseguindo pedir ajuda, e isso se comprova pelo fato de que o número de feminicídios aumentou 2,2% em relação ao mesmo período do ano passado.
O relatório divulgado pelo Fórum engloba 12 estados: doze Unidades da Federação, a saber, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Acre, Amapá, Pará, Ceará, Rio Grande do Norte, Maranhão, Rio Grande do Sul e Mato Grosso. De acordo com o documento, a escolha por estas Unidades da Federação “se deu em função da transparência e rapidez com que divulgam as estatísticas sobre o tema, com período máximo de 30 dias após o encerramento do mês”.
Confira os números da Paraíba.
Entre os estados monitorados, de março a maio de 2020, os registros policiais de lesão corporal dolosa contra mulheres caíram 27,2% em comparação com o mesmo período de 2019. O estudo afirma que há “uma redução em uma série de crimes contra as mulheres”, e que esse é um “indicativo de que as mulheres estão encontrando mais dificuldades em denunciar as violências sofridas neste período”.
Confira os registros em João Pessoa.
O Fórum vem acompanhando os casos envolvendo violência contra a mulher na pandemia desde março e já lançou outros dois estudos. O último, divulgado em junho, indicava um aumento de feminicídios de 22,2% entre março e abril. Mas o consolidado dos três meses, incluindo maio, indica um aumento de apenas 2,2% em relação ao mesmo período do ano passado, com um total de 189 crimes —em 2019, foram 185.
Para Samira Bueno, diretora executiva do Fórum, as quedas abruptas nos registros formais de violência doméstica trazem duas consequências graves. “Primeiro, tem o risco imediato para a mulher que não consegue chegar na delegacia e pedir uma medida protetiva”, diz. “Em segundo lugar, há o risco de os gestores públicos pensarem que há menos casos e, com a escassez de recursos, decidirem fechar os poucos equipamentos que existem, como delegacias da mulher e casas-abrigo. Falar de violência doméstica, do ponto de vista do discurso formal, está na moda, mas infelizmente isso não se traduz nas ações.”
da redação, com informações do Universa