A Paraíba se prepara para volta às aulas, mas você já se sente segura em deixar seu filho na escola?

By 29 de julho de 2020outubro 14th, 2020Paraiba

O comércio reabriu, bares e academias de ginástica. Alguns setores de fato, nunca deixaram de funcionar e pelas ruas, o que se tem é a sensação de que o vírus não existe mais, mesmo que número de novos infectados e mortos não tenha diminuído.

Um ponto sensível nessa reabertura “controlada” diz respeito às escolas e aulas presenciais para crianças e adolescentes. Algumas faculdades particulares já estão enviando calendários de volta às aulas, mas não é essa a questão. A questão é: nos sentimos seguras para levar nossos filhos de volta às escolas? Quais os planos das secretarias estadual e municipal nesse sentido?

Alguns estados já estão organizando seu próprio protocolo de segurança e o MEC divulgou as diretrizes para volta às aulas. A FioCruz também lançou um manual sobre medidas de segurança necessárias para a retomada do ano letivo, mas alertou que pandemia do novo coronavírus pode levar à novas suspensões das aulas presenciais após o retorno dos alunos às salas.

Aqui na Paraíba, algumas escolas particulares começaram a enviar enquetes para as famílias. Em resumo, a pergunta é simples “Você mandaria seu filho para a escola, se ela adotasse todos os protocolos de segurança?”. O Colégio Motiva e o Colégio Século são duas grandes escolas que enviaram questionários aos pais, com a ressalva de que ainda não existe uma previsão de volta às aulas. Informalmente, os resultados parciais indicam que os pais não estão dispostos a levar os filhos de volta à aulas presenciais. Conversando com mães dessas duas escolas, ambas afirmaram categoricamente que NÃO se sentem seguras ainda e que por esse motivo, seus filhos não voltam para a sala de aula.

Nas escolas da rede pública estadual, o protocolo de segurança de volta às aulas ainda está sendo elaborado, e também não há previsão de volta. Já a rede municipal de João Pessoa, o protocolo segue como está: aulas remotas e sem previsão de retorno. O que preocupa Solange*, que trabalha numa rede de perfumarias em João Pessoa, e pediu para não ter seu verdadeiro nome revelado:

“Tive que voltar ao trabalho, mas meus dois filhos estudam na rede estadual e assistem aulas pelo meu celular. Eles vão ficar com uma vizinha. Não sei como vou fazer agora”.

A falta de perspectivas de volta às aulas possui um recorte social, dentre os vários que a pandemia ajudou a escancarar. Siga o círculo:

Os pais e classe média voltam ao trabalho – as crianças ficam em casa com a empregada – os filhos da empregada não têm com quem ficar, nem pra onde ir.

O ano de 2020 aponta como sendo o “ano perdido”. Não conseguimos ainda dimensionar o tamanho do estrago pedagógico para milhões de crianças, de todas as esferas sociais. Mas assim como acontece em tempos de guerra e de catástrofes, são as crianças mais pobres que irão pagar a maior parte dessa conta.

 

Taty Valéria

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