Após denunciar assédio e abuso nos quartéis, bombeira é alvo de ataques

Camila Paiva, tenente-coronel do Corpo de Bombeiros – AL

Camila Paiva é tenente-coronel e assim como outras mulheres, cansou de sofrer com o machismo no ambiente militar. Desafiada a participar da moda de postar uma foto em preto e branco, ela fez uma publicação: pela luta contra o machismo nas corporações.

Camila, que integra o Corpo de Bombeiros de Alagoas contou que resolveu potencializar a campanha motivada por uma sequencia de casos de assédio que chegaram até ela. “O que aconteceu primeiro foi um áudio vazado de um policial militar do Ceará falando que as mulheres no quartel deveriam ter a função de tirar o estresse do homem, que elas deviam ficar lá para quando ele chegassem
estressados, elas virem lá ‘tirar’ os estresses deles, meia hora com um, meia hora com outro. Ou seja, sugerindo tarefas
sexuais”, conta.

Revoltada com o relato, Camila lançou um desafio a suas colegas: que as militares contassem seus casos postando uma foto em preto
e branco e se intitulando como “Maria”. Para isso, ela foi a primeira a postar a foto e contando um caso de assédio vivido
por outra “Maria.”

O perfil instagram.com/camilapaivabm/ conta com quase 43 mil seguidores, já postou mais de 300 casos de assédio e abuso envolvendo militares e, além de viralizar nas redes sociais, trouxe muita dor de cabeça.

Camila prestou uma queixa depois de ser alvo de ataques e ameaças, e descobrir que teve seus dados pessoais vazados em grupos que pretendiam usá-los como ameaça.

“No domingo, eu recebi a primeira mensagem de ameaça, só que não dei importância. Achei que era besteira, que não ia dar em nada. Dei os prints e bloqueei. Só que na segunda-feira uma bombeira do Acre me disse que uma pessoa que conhecemos [que é acostumada a sofrer ataques] viu em um grupo usado para planejar ataques de ódio fotos e as minhas informações pessoais. Havia tudo meu lá”, conta.

Diante do caso, ela conta que decidiu procurar a polícia e fazer um boletim ocorrência. Ela recolheu todo o material, com prints das mensagens e seus dados pessoais, e levou até a Delegacia de Crimes Cibernéticos em Maceió. “Mesmo eu sendo militar, não tiveram o mínimo receio de me ameaçarem”.

 

Leave a Reply

%d blogueiros gostam disto: