Enquete do Paraíba Feminina revela que fazer sexo só para agradar parceiro atinge 78% das mulheres

By 19 de agosto de 2020julho 21st, 2022Lute como uma garota

 

Nesta segunda-feira (18), publicamos no nosso Instagram um card com uma pergunta bem simples: “Você já fez sexo sem vontade, só pra agradar seu parceiro? O card virou enquete, e o resultado, apesar de já esperado, foi maior que imaginávamos:  78% das mulheres que participaram da enquete votaram que sim, já fizeram sexo somente para agradar o parceiro.

Dois pontos são essenciais de esclarecer: 1. Não foi uma pesquisa científica; 2. Mulheres lésbicas também participaram.

Em maior ou menor grau, agimos assim por vários motivos: insegurança, carência, medo, inexperiência e e falta de conhecimento do próprio corpo e das próprias limitações. Somos educadas para agradar, satisfazer e ter nossos desejos colocados sempre em segundo ou terceiro plano. Temos medo de dizer não. Temos medo de que o parceiro/parceira fique chateado. Pode parecer risível, mas não é.

São diversas as formas de violência que precisamos lidar desde cedo. Uma dessas violências, pouco faladas e pouco debatidas, é o estupro marital. Já falamos sobre isso aqui, mas não custa reforçar.

Violências sexuais praticadas por cônjuge ou companheiro representam 13,15% dos crimes de estupro praticados no Brasil, segundo o Atlas da Violência de 2018. Segundo especialistas, o número de registros não reflete a quantidade real dos casos.
“É o tipo de estupro mais subnotificado porque as mulheres casadas não sabem que estão vivendo uma violência nem que podem se recusar a ter uma relação sexual”, afirma a advogada Maíra Zapater, doutora em Direitos Humanos pela USP, especialista em direitos das mulheres e professora da Fundação Getúlio Vargas. Além disso, mulheres têm medo de denunciar e, em muitos casos, são dependentes financeiramente do marido.
Por definição, estupro implica em “constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça a ter conjunção carnal ou a praticar ato libidinoso” e a pena vai de 6 a 10 anos de prisão. Na prática, o que define um estupro é a falta de consentimento da vítima — e casar não é garantia de consentir. Se a mulher está bêbada, sob efeitos de medicação ou dormindo; se diz ‘não’, mas é forçada a praticar atos sexuais ou se é ameaçada em troca de favores sexuais, o companheiro/companheira pode sim, ser acusado de estupro.
Na opinião da psicóloga e sexóloga Ana Canosa, o crime não é cometido apenas por pessoas “loucas”. “É preciso considerar o entorno social para entender o crime. Como nossa cultura é permeada por um machismo estrutural, homens podem se achar no direito de usufruírem do corpo feminino no momento em que quiserem, porque seria uma função feminina gerar prazer a eles”, detalha. Ou seja, o estupro, no fundo, está relacionado com exercer poder sobre o outro.
Mas nem sempre essa coação é feita de forma explícita ou violenta. A “pressão” por fazer sexo pode ser extremamente sutil. De todo modo, é uma questão cultural e estrutural. Estruturas podem ser quebradas.
O fator primordial desse texto é um só: não seja obrigada a fazer sexo para agradar ninguém.
Taty Valéria

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