Não existe lugar seguro: a cada 13 dias, uma mulher é estuprada dentro de uma unidade de saúde

By 15 de dezembro de 2020Machismo mata

Uma coisa que sempre falamos aqui e não cansamos de repetir: não existe lugar seguro para uma mulher.

Em abril de 2018, a estudante de enfermagem Rafaella Antunes Ferreira foi internada na UTI do Hospital Geral de Vila Nova Cachoeirinha, gerido pelo Estado de São Paulo. Aos 22 anos, ela sofria de um distúrbio renal que a deixava inchada e sem poder andar ou falar direito. Presa por muitos fios ao leito hospitalar e mantida com respirador, mas ainda consciente, Rafaella relatou à mãe ter sido estuprada duas vezes no hospital.

Ela morreu em maio daquele ano em decorrência da doença. Até hoje, porém, a autônoma Rosineide Antunes de Souza, 49, luta por justiça e tenta provar o crime que a filha relatou. O boletim de ocorrência feito pela mãe é um dos 82 casos de estupro (na forma tentada ou consumada) registrados entre janeiro de 2018 e outubro de 2020 dentro de locais da capital paulista que prestam serviços de saúde -como casas de repouso, clínicas psiquiátricas, consultórios e hospitais. Os dados são exclusivos e foram obtidos por Universa por meio da Lei de Acesso à Informação.

Os números apontam que, em média, há um registro de estupro dentro de um ambiente de saúde em São Paulo a cada 13 dias. Os locais de maior ocorrência foram hospitais (56), clínicas e consultórios (12) e postos de saúde (5). Desse total, 50 casos (61%) foram registrados como estupro de vulnerável, quando a vítima é menor de 14 anos ou não consegue oferecer resistência. As idades variam de 1 a 68 anos.

Ao todo, durante esse mesmo período, a polícia registrou 7.688 casos de estupro na capital, uma média de 226 por mês. Em 2019, reportagem do site Intercept reuniu dados de nove estados brasileiros para mostrar que foram registraram 1.734 casos desse tipo entre 2014 e 2019.

Os dados mostram que em 2018 foram registrados 25 boletins de ocorrência (2,1 por mês). No ano passado, esse número subiu para 28 casos (2,3 por mês) e, em 2020, até 31 de outubro, a polícia registrou 29 ocorrências, quase três por mês (2,9), indicando aumento no número de registros durante a pandemia de coronavírus.

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