A pandemia do ódio e uma história da agressão: uma mulher negra atacada por 40 homens

By 11 de janeiro de 2021Vá se tratar, Vidas Negras

Quando se fala dos limites entre liberdade de expressão e as consequências dos discursos de ódio, é muito comum confundir direito com liberdade. Assim como no Brasil, as consequências de Donald Trump na presidência dos EUA abriram um precedente de ódio que vai demorar muito mais para ser exterminado que o próprio coronavírus.

Berlinda Nibo, mulher negra de 25 anos, encontrou apoiadores de Trum que protestavam em Los Angeles contra possíveis fraudes na eleição. Espantada com a cena, ela começou a transmitir o evento ao vivo (dia 6), levando os manifestantes, a maioria deles sem máscara, a perguntar se ela havia votado no Trump. Berlinda respondeu com o dedo médio e se virou para voltar pra casa. Mas eles a seguiram.

O grupo tentou espancar a jovem. Embora ninguém tenha sido preso, o Departamento de Polícia de Los Angeles está investigando o caso como sendo um crime de ódio.

“Foi isso que fez todos eles pularem e me empurrar”, disse ela, que reforçou que foi encurralada por 30 a 40 apoiadores de Trump. Nas fotos do ataque capturadas pela fotógrafa Raquel Natalicchio, Berlinda pode ser vista tentando se defender enquanto a multidão a espancava, arrancava sua peruca e a pulverizava com spray de pimenta. Um homem usando um boné Trump 2020, entretanto, abraçou a jovem e tentou protegê-la.

Em uma entrevista à KTTV, ela disse: “O tempo todo, ele sussurrava em meu ouvido: ‘Não se mexa, eles estão tentando matar você, estão tentando matar você’”. Se o homem não tivesse colocado seu corpo entre mim e o resto da multidão, essas pessoas teriam literalmente me matado”. Mais tarde, ela disse ao BuzzFeed News que ele a agarrou com tanta força que seu peito ficou vermelho com a pressão. “Para uma pessoa da minha cor é difícil ter marcas vermelhas. Foi traumatizante.”

Apesar de seis pessoas terem sido presas durante a manifestação pró-Trump, que aconteceu no Capitólio, ninguém foi detido por suspeita de agressão. Segundo a fotógrafa, policiais que estavam do outro lado da rua não fizeram nada para intervir. As imagens de Raquel viralizaram na internet e geraram uma grande indignação, fazendo com que as autoridades investigassem o caso como crime de ódio.

Eu acho nojento, estamos testemunhando o racismo real que ainda existe em nosso país”, disse Raquel. “Pessoas de cor vivenciam coisas assim diariamente e raramente acreditam quando falam sobre isso.”

da redação, com informações da revista Glamour

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