Isolamento, brigas e desorganização financeira! O recorde de divórcios e os desgastes da convivência de um casal

By 8 de fevereiro de 2021Brasil

O Brasil registrou número recorde de divórcios em 2020. Durante o segundo semestre do ano passado, a quantidade de separações extrajudiciais registrada foi a maior desde 2007, segundo levantamento realizado pelo Colégio Notarial do Brasil (CNB). Só nos primeiros meses de pandemia, a Paraíba registrou um aumento de 200% no número de divórcios. O desgaste dos relacionamentos no decorrer do isolamento social, que promoveu uma convivência muito mais constante entre casais, é indicado como o principal fator para a alta dos números.

Especialistas apontam a falta de organização financeira como um dos motivos para a desarmonia de casais em qualquer contexto. Na pandemia, com as maiores dificuldades econômicas e o convívio familiar mais intenso, se torna essencial saber cuidar das finanças em conjunto para garantir a boa convivência.

Uma das premissas básicas para manter a harmonia no planejamento financeiro conjunto é a expressão, bastante popular, “o combinado não sai caro”. Pode até parecer clichê, mas, para o economista conselheiro do Conselho Regional de Economia (Corecon/BA) Edval Landulfo, é fundamental tê-la em mente. Seja para casais, colegas de quarto ou amigos e parentes que dividem os gastos da residência, as regras-chaves são sempre dialogar e respeitar os compromissos feitos.

“Se eu sou desorganizado financeiramente, eu posso deixar de pagar qualquer coisa menos o combinado dentro da residência porque outras pessoas dependem disso”, afirma o conselheiro do Corecon/BA.

Distribuição das contas

Landulfo considera um erro que casais não estejam informados sobre o valor exato do salário um do outro. A compreensão de quanto ganha cada cônjuge ajuda na organização da divisão dos gastos e possibilita que ela seja feita de forma mais coerente e justa. Ele sugere que a distribuição das contas seja feita por igual caso ambos ganhem uma remuneração muito parecida. Quando há disparidade salarial, quem ganha mais pode pagar as despesas mais caras, como licenciamento ou aluguel.

A planejadora financeira pessoal Fernanda Prado também considera que a falta de transparência sobre a situação financeira de cada parte do casal é um problema. Principalmente quando existem dívidas envolvidas. “Há quem não queria compartilhar ou ainda tente escondê-las do cônjuge porque sente vergonha de tê-las”, observa a planejadora. Além de afetar a confiança do parceiro, não conversar sobre situações como essa tornam mais difícil o planejamento de metas financeiras conjuntas, já que um pode estar na expectativa de um gasto grande em uma viagem de férias ou na compra de um eletrodoméstico, por exemplo, enquanto o outro não consegue arcar nem com dívidas menores.

O alcance de metas também depende do alinhamento de desejos do casal. Fernanda explica que, antes de transformar os sonhos em objetivos, o casal precisa entrar em consenso e ambos devem estar dispostos a focar na prioridade. “Tem que fazer sentido para ambos e ser uma vontade genuína dos dois”, diz. Do contrário, dificilmente haverá êxito no projeto.

Investir juntos

Existem algumas opções para a realização de investimentos com um parceiro. Abrir uma conta conjunta é uma alternativa para quem deseja que a aplicação seja feita no nome de ambos. O casal pode também optar por ter uma única conta em nome de uma das partes em que os dois realizam os aportes.

Um terceiro caminho é cada um investir no próprio nome para um objetivo comum, dividindo o investimento. De qualquer que seja a forma adotada, a planejadora financeira destaca que é importante que o casal tenha clareza de que estão buscando o investimento adequado para a meta e se certificar de que tem uma boa reserva de liquidez para a família.

O internacionalista Tiago Jones da Silva, 37, e a advogada Dene Mascarenhas Dantas, 41, acreditam que o fundamental para o bom funcionamento das finanças na vida conjugal é não ter segredo. Antes de fazer a divisão dos gastos, o casal dialoga com constância sobre como cada um está financeiramente.

“Se não for bem conversado, dá problema”, garante Tiago. Para eles, é importante não só conversar sobre o orçamento familiar, como também a respeito da educação financeira. Tiago e Dene costumam se inteirar sobre o tema através de vídeos de especialistas na internet, da leitura de livros sobre o assunto e sempre trocam as informações aprendidas.

 

com informações do Estado de Minas

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