Pandemia: mais da metade das mulheres perderam postos de trabalho

By 4 de março de 2021Lute como uma garota

Perda de emprego, queda brusca na renda das famílias, responsabilidade pelos afazeres domésticos e quase que exclusivo com as crianças, idosos e doentes. A sobrecarga do trabalho em casa, aliada à falta de renda, risco maior de sofrer violência doméstica e estafa mental, tem nos mostrado diariamente o quanto os estragos sociais e econômicos causados pela pandemia têm um efeito ainda mais devastador sobre as mulheres.

Quando relacionamos a Covid com emprego – em especial sobre o setor informal – a pandemia está atrasando a volta de mulheres ao mercado de trabalho.

Na comparação com o primeiro trimestre, antes dos efeitos da pandemia tomarem conta da economia e da vida social das famílias, o número de trabalhadores fora da força de trabalho teve um incremento de 11,2 milhões de pessoas. Dessas, sete milhões eram mulheres.

Apesar da retomada do mercado formal no segundo semestre (embora as vagas criadas não tenham sido suficientes para repor as perdidas no início da pandemia) e mesmo do informal registrar crescimento, as vagas abertas no fim de 2020 ainda podem levar mais um tempo para repor a participação de mulheres em postos de emprego.

Segundo especialistas, a recuperação também será mais heterogênea, pois chegará depois às mulheres mais pobres e com menos  qualificação. No emprego formal, o Caged mostra que, enquanto no ano passado230,2 mil vagas criadas foram ocupadas por homens, as mulheres perderam87,6 mil postos. De abril a dezembro, os nove meses inteiram ente sob a crise sanitária, o saldo de vagas ficou positivo em 168 mil para eles. As mulheres tiveram 94,9 mil colocações eliminadas.

Ainda nas questões estruturais está o conjunto de normas sociais que atribui às mulheres a responsabilidade –se não toda, a maior parte– pelos cuidados domésticos e com filhos. A esse fator soma-se outro, conjuntural: a falta de um plano sólido e seguro para reabertura de creches e escolas.

Segmento dominado pelas mulheres, o trabalho doméstico remunerado foi outro muito afetado pela crise sanitária, tanto pela necessidade de as famílias economizarem quanto pela recomendação de se reduzir contatos com outras pessoas.

No trimestre encerrado em novembro, o IBGE identificou uma melhora no emprego doméstico informal, quando comparado com o trimestre anterior. O incremento foi de 303 mil vagas. Essa melhora, porém, não compensou o estrago deixado pela pandemia. Em relação ao ano passado, o saldo ainda está negativo em 1 milhão de postos de trabalho doméstico.

O retorno de 303 mil domésticas à atividade reflete o clima de otimismo existente até novembro, quando se acreditava que o pior momento da pandemia ficava no passado, e o auxílio emergencial já tinha caído à metade, de R$ 600 para R$ 300.

Na avaliação da pesquisadora Ana Luiza Barbosa, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), os efeitos da atual crise serão muito mais heterogêneos para as mulheres do que para os homens.

As consequências do tempo fora do mercado de trabalho e na inatividade deverão variar de acordo com o tipo de emprego, de função e de vínculo –e isso está associado principalmente ao nível de renda e de escolaridade.

“Há as que estão empregadas e podem fazer home office, mas pensemos na que não tem essa opção, que era informal. É uma situação que atrasa o retorno à força de trabalho”, afirmou Diana Gonzaga, da UFBA. Para ela, a desigualdade regional também será agravada. Em estados do Nordeste, a taxa de participação das mulheres na força de trabalho já era de 45% antes mesmo da pandemia.

com informações da Folha de São Paulo

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