Pandemia: impactos econômicos são mais fortes nas mulheres negras

Que as mulheres são as mais afetadas pela pandemia, nós já sabemos e falamos disso aqui. Mas existe um recorte dessa população que se torna ainda mais vulnerável especialmente no campo econômico: as mulheres negras.

De acordo com Djamila Ribeiro, “A pandemia impacta toda a sociedade, mas as mulheres negras são as que mais sentem o impacto, especialmente num país em que o cuidado com a casa e outras pessoas da família é muito ligado ao feminino. E a população negra e pobre é a que mais depende do sistema público de saúde”, disse. “As empresas também são afetadas pela pandemia, claro, mas também têm a oportunidade de refletir sobre essas questões. Se essa é a população que mais sofre, como podem contribuir para mudar essa realidade”, questionou.

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Djamila acredita que é importante levar debates de desigualdade para dentro das grandes empresas porque “o mundo corporativo faz parte da sociedade e reproduzo os valores da sociedade”.

“Diversidade vai ser o debate mais longo desse país” Djamila Ribeiro também defende que empresas tenham núcleos de diversidade, pensando medidas de inclusão e, principalmente, acolhimento de mulheres, pessoas negras, LGBTQIA+ e de regiões periféricas dentro da empresa.

“Se o ambiente corporativo permanece hostil, isso contribui para afastar as pessoas do mercado de trabalho, porque elas não conseguem permanecer. Além de garantir o acesso, as empresas têm que fazer um trabalho constante de acolhimento, inclusive com outros colaboradores da empresa”, defendeu. “É importante que as empresas discutam diversidade para que a gente desaprenda o que já aprendeu e reconstrua uma outra forma de pensar, mais empática e que não ofenda e nem afaste ninguém”.

A filósofa afirmou que esse é um trabalho constante, que deve ser feito de tempos em tempos, porque “diversidade vai ser o debate mais longo que esse país já teve”, até que todos os ambientes reflitam proporcionalmente a sociedade.

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Ela argumentou que, enquanto empresas e recrutadores não tiverem um olhar mais sensível para a diversidade e não desconstruírem estereótipos — ela cita, por exemplo, a ideia de que mulheres não são boas com números ou que pessoas LGBTQIA+ precisam trabalhar com estética — “muitos talentos serão perdidos”.

Djamila argumentou, ainda, que quanto mais diverso um quadro de funcionários, mais a empesa ganha em inovação e criatividade: “Quanto mais diverso o ambiente, mais criativo será. Pessoas que vêm dos mesmos lugares sociais e tiveram mais ou menos as mesmas experiências, têm mais dificuldade de inovar, porque têm uma visão de mundo restrita”, falou. “Sem diversidade, a gente acaba achando que a nossa realidade é a realidade de todo mundo, e esquece outras possibilidades”.

do site Universa

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