Por que o vibrador tem virado item essencial na vida das mulheres brasileiras?

By 3 de abril de 2021Lute como uma garota

Vida sexual enfadonha, nula ou obtusa. Relações frias, falta de libido e excesso de stress. Crises de ansiedade, choros compulsivos e pessimismo extremo. São inúmeros os motivos para as mulheres deixarem o prazer sexual de lado, mas o melhor caminho para a sanidade mental é justamente o contrário: contar com o apoio de todas as reações no nosso corpo provocadas pelo orgasmo. E os vibradores podem ser um grande aliado para as mulheres nesse momento.

Uma pesquisa do Prosex, o Projeto de Sexualidade da Universidade de São Paulo, revela que metade das mulheres brasileiras não consegue chegar ao orgasmo em suas relações.

E essa falta de prazer na cama revela o filão do mercado de bem-estar no país. Isso sem contar pessoas LGBTQ+ e com deficiências físicas, que, como as mulheres, tiveram a vida sexual, historicamente, colocada às margens.

É essa mudança de perspectiva que tem revolucionado a indústria sextech no Brasil. Liderada por mulheres e impulsionada durante a pandemia, a transformação mostra a necessidade que a sociedade precisa avançar na mentalidade de que o próprio prazer alimenta sentimentos positivos e que é possível ter uma vida sexual ativa mesmo sem parceiro.

Lidia Costa, fundadora do Tech4Sex, plataforma de fomento ao setor no país, com pesquisa e tendências, revela que as novidades não estão em “tecnologias da Nasa” nem “no contexto de pornografia”.

“Também é sobre isso, mas tem um universo de possibilidades que as pessoas ainda não conhecem”, diz Lidia, que também é executiva de inovação em uma grande empresa. Um exemplo disso é a Lilit, startup fundada em agosto, em meio à pandemia.

“Com apenas um único produto, faturamos R$ 460 mil até agora”, diz Marília Ponte, fundadora da empresa, referindo-se ao vibrador tipo bullet, com foco em design e prazer feminino. O negócio nasceu, como ela conta, a partir de sua própria experiência (ruim) com sex toys. “Falar de igual para igual” com as clientes faz toda diferença, segundo Marília. Para chegar ao Bullet Lilit, ela ouviu cerca de 3 mil mulheres e realizou testes de protótipo com grupos diversos.

“Temos trabalhado de mãos dadas, tentando promover encontros, para que juntas consigamos avançar”, revela. Lá fora, com o mercado sextech mais desenvolvido, as soluções vão de vibrador da Lioness, que com biosensores que dão informações sobre o orgasmo até dispositivos com bluetooth, que permitem compartilhar prazer mesmo distantes. “Aqui estamos ainda em plataformas e softwares, menos em hardwares”, diz Lídia. “O foco, por enquanto, está na experiência, educação e informação, no passo anterior da conversa, que é igualmente inovador.”

Por que agora?

Com o isolamento social imposto pela pandemia e a busca por novas formas prazer, ajudam a explicar o timing da explosão do sextech. Mas vai além, com os movimentos sociais por empoderamento feminino e de minorias sociais plantando a semente para que consumidores se interessassem pelo tema.

“A internet foi o canal”, afirma Lídia. “Dos meios de pagamento até confiar no ecommerce, a receber produtos de forma discreta.” Para a especialista, a barreira foi quebrada e o processo de experimentação está apenas começando — inclusive com endosso de celebridades a essas startups, como aconteceu lá fora com atrizes como Cara Delevingne. “Cada vez que ressaltamos a mensagem do bem-estar, abrimos mais caminhos”, anima-se Lídia.

 

Leave a Reply

%d blogueiros gostam disto: