Números do horror: Brasil registra 14 estupros coletivos por dia

By 11 de maio de 2021Brasil, Justiça, Machismo mata

Em abril desse ano, uma adolescente, de 16 anos, foi violentada por 8 homens na orla de Candeias, Jaboatão dos Guararapes. Segundo a vítima, ela, uma amiga e o namorado se encaminhavam para a beira da praia quando encontraram um rapaz com quem teria se relacionado algumas vezes. De acordo com a jovem, o homem teria perguntado se a garota queria ficar com o seu amigo. Ela negou. Em seguida, o rapaz questionou se a adolescente ficaria com ele novamente, a garota respondeu que sim. Após a afirmação, a vítima conta que foi puxada até a areia.

“Quando eu cheguei, estava ele, o amigo e mais seis homens e ele perguntou: ‘tu aguenta isso tudinho?’ Eu disse que não. Em seguida ele me mandou ficar de quatro e não tinha como correr porque eram oito pessoas”, relatou a jovem.

De acordo com dados do Ministério da Saúde sobre a ocorrência de estupros coletivos, o Brasil registrou 5.372 casos de estupros coletivos: 14 por dia, ou cerca de um a cada cem minutos. Essa informação foi coletada de vítimas que buscaram um hospital para atendimento. Ou seja, o número real pode ser bem maior.

Desde 2011, as notificações de violência doméstica, sexual e outras violências tornaram-se compulsórias para todos os serviços de saúde, públicos ou privados. Elas são enviadas para o Sistema de Vigilância de Violência Interpessoal e Autoprovocada, ligado ao Sistema de Informações de Agravos e Informações, do Ministério da Saúde.

Os dados obtidos mostram que num período de oito anos, entre 2011 e 2019, o Ministério da Saúde registrou um total de 29.951 estupros com dois ou mais envolvidos em casos de violência interpessoal de natureza sexual. A soma é de casos suspeitos, apenas com a declaração da vítima no hospital.

Entre 2018 e 2019, casos de estupro coletivo aumentaram 13%.

São Paulo, Pernambuco, Minas Gerais, Paraná e Rio de Janeiro foram os estados que registraram, respectivamente, o maior número de estupros coletivos em 2019.

De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, em 2019 o Brasil somou ao menos um estupro a cada oito minutos. Foram 66.123 boletins de ocorrência registrados naquele ano de estupro e de estupro de vulnerável.

Este mês faz cinco anos que uma garota de 16 anos foi estuprada por 33 homens, em uma comunidade da zona oeste do Rio de Janeiro. Ela contou à polícia que tinha ido até a casa de uma pessoa com quem se relacionava, mas acordou no dia seguinte, em outro local, na mesma comunidade, com esses homens em cima dela, armados com fuzis e pistolas.

 

“Maioria dos estupros é coletivo, pois homem sente mais poder em grupo”

Delegada há 13 anos e hoje na Subsecretaria de Políticas para as Mulheres do Estado do Rio, Cristiana Bento afirma que é preciso melhorar o sistema das polícias para se coletar mais dados sobre o estupro coletivo. Tecnicamente falando, o termo “estupro coletivo” não é um crime específico, então não é registrado como um código como fazem com feminicídio.

“Tem que mudar o sistema, porque a maioria dos estupros é coletivo, porque o homem sente que tem mais poder em grupo”, atenta Cristiana.

Como denunciar?

Em casos flagrantes de violência sexual, o 190, da Polícia Militar, está disponível 24h. E o Ligue 180 recebe denúncias, além de orientar e encaminhar o melhor serviço de acolhimento na cidade da vítima. Vítimas de estupro devem ser encaminhadas aos hospitais de referência, e elas não precisam ter feito o boletim de ocorrência. Aqui em João Pessoa, a vítimas deve procurar o Instituto Cândida Vargas e o Hospital Arlinda Marques.

 

com informações do portal Universa

 

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