ALERTA: Sem vacina, morte de grávidas será 4 vezes maior que em 2020

By 27 de maio de 2021Brasil, Paraiba

Até o dia 19 de maio, 16 paraibanas grávidas ou puérperas morreram em decorrência da Covid. Em todo o ano 2020, foram 10 mortes. Esses número se somam aos de outras 653 grávidas e mães de recém-nascidos que morreram no Brasil entre janeiro e abril deste ano. O número ultrapassou os óbitos maternos pela doença em todo o ano de 2020, que foi de 432, segundo dados do IFF/Fiocruz (Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira).

“Se nada for feito em relação a esse cenário, o número de óbitos de gestantes e puérperas até dezembro pode ser de três a quatro vezes maior do que em 2020”, afirma o obstetra Marcos Nakamura, pesquisador do instituto. Segundo ele, o perfil dos casos mudou de um ano para cá. “Quando avaliamos a letalidade, ou seja, a relação entre mortes e infectados, percebemos que piorou neste ano para toda a população. Para gestantes e puérperas, mais do que dobrou”, explica. “Em 2020, no pico da pandemia, a taxa era de 9%. Em abril, foi de 20%.”.

60% das mães que morreram em 2021 não tinham comorbidades

O Ministério da Saúde incluiu grávidas e puérperas no grupo prioritário do PNI (Plano Nacional de Imunizações) apenas no final de abril, mas, no dia 11 de maio, mudou a orientação para que apenas aquelas com comorbidades sejam imunizadas, após a morte de uma gestante que poderia estar relacionada à vacina da AstraZeneca/Oxford.

Porém, o levantamento do IFF/Fiocruz mostra que 60% das gestantes e mães que morreram em 2021 não tinham nenhuma doença preexistente. Segundo Nakamura, um dos médicos responsáveis pelo monitoramento das mortes maternas feito pelo instituto desde o início da pandemia, a gravidez por si só já é um fator de vulnerabilidade para a mulher, aumentando a chance de complicações da covid-19.

Quando a mulher está no terceiro trimestre da gestação, o aumento do tamanho do útero diminui a capacidade de expansão do tórax e de reserva respiratória. Isso acontece em todas as gestações. Mas se a mãe for afetada por uma doença que compromete o funcionamento do pulmão, como é o caso da covid, ela vai piorar mais rapidamente porque já tem perda de função de parte do órgão. No pós-parto, ou puerpério, ele diz, “o maior problema é a associação entre covid e trombose, que pode levar ao agravamento da primeira, pois é uma fase em que já há uma predisposição para a formação de coágulos.”.

Por isso, segundo o especialista, é preciso colocar as mães no topo da lista da vacinação. “É a principal medida a ser tomada para evitar que a alta taxa de mortalidade materna aumente ainda mais”, afirma.

Há outras vacinas que podem ser aplicadas enquanto se investiga esse óbito [com a vacina da Astrazeneca]. Também já se sabe que os anticorpos podem passar de mãe para filho. Imunizar a gestante significa proteger, também, o bebê. São duas vidas salvas. O Brasil é o país com maior índice de morte materna durante a pandemia no mundo — segundo uma pesquisa do “International Journal of Gynecology and Obstetrics”, 77% das gestantes que morreram de covid-19 são brasileiras.

 

da redação, com informações do UOL

 

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