Lute como uma garota! Amigas se juntam para ajudar mulheres em vulnerabilidade na pandemia

A pandemia de covid-19 no Brasil escancarou uma série de desigualdades sociais e deixou à mostra diversos grupos em vulnerabilidade social. Mulheres, negros, pessoas periféricas e moradores de ruas estão no centro desse problema. Pensando em garantir o básico, como alimentação e higiene para poder manter o distanciamento social que o momento exige, principalmente para mulheres chefes de família e impossibilitadas de trabalhar, duas amigas de Brasília criaram o grupo Corações em Ação.

Há um ano, Karen Helena Ferreira, 42 anos, consultora comercial, e Petra Maria Marques, 37 anos, servidora pública, se sensibilizaram com a situação em que se encontravam as mulheres nas regiões mais distantes do Plano Piloto, em Brasília. Seis meses depois, a professora Maria Aparecida Vieira, 44 anos, também integrou o grupo. “O objetivo sempre foi atender mulheres, chefes de família, e em locais distantes que não tivessem acesso a nenhuma outra ajuda”, conta ela.

No início, as doações eram semanais e elas recebiam grande volume de ajuda, como roupas, sapatos, cestas básicas e iam entregar de porta em porta em alguns bairros das cidades satélites. Com o agravamento do contágio do covid-19 as doações foram diminuindo e a regularidade passou a ser mensal. Hoje elas têm um lugar fixo, em uma escola em São Sebastião, em Vila Boa, uma cidade satélite de Brasília, onde conseguem ter um maior controle sobre as medidas de segurança. Lá, há uma pessoa responsável que faz uma triagem das famílias que não receberam as doações do mês anterior.

Além do assentamento de São Sebastião, elas ajudam os moradores da Vila Grem e Aguilhada com cestas básicas, leite, kit de higiene pessoal, cobertores e brinquedos. Estima-se que durante todo o projeto 30 cestas básicas, 15 kits com alimentos avulsos, 100 litros de leite, 48 cobertores, 30 kits de higiene, brinquedos, roupas e sapatos foram entregues às comunidades.

A Corações Em Ação não recebe ajuda de nenhuma pessoa jurídica, todas as doações são feitas por pessoas físicas “A gente faz a divulgação nas nossas redes sociais e amigos ajudam, uns com dinheiro, outros com roupas, outros com cestas básicas, e a gente fica o mês inteiro arrecadando e fazendo essa triagem”, conta a professora.

O principal público-alvo do projeto são mulheres que não possuem renda, em situação de insalubridade, e que vivem somente de doações. São mulheres sem estudos, com muitos filhos e que assumem, sozinhas, as responsabilidades pela sua educação. Thaisa Souza, 29 anos, desempregada, foi uma dessas mulheres ajudadas pelo projeto. Mãe solo de três crianças, sua casa pegou fogo e a iniciativa organizou um mutirão para arrecadar materiais de construção. Em 6 meses a casa estava pronta.

Maria Aparecida conta, ainda, que na última ação realizada no dia 26 de junho, após todos os mantimentos terem sidos distribuídos, chegou uma senhora de cerca de 80 anos necessitando de doações. “Ela abaixou a cabeça de tristeza quando viu que já havíamos distribuído tudo, mas a gente foi ao um mercado ao lado e compramos algumas coisinhas para ela”, conta Maria Aparecida. “Falamos: a senhora não vai voltar para a casa de mãos vazias, não”.

com informações do UOL

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