Lute como Rebeca!! A menina pobre e filha de empregada doméstica que nos trouxe uma medalha histórica!

By 29 de julho de 2021Brasil, Lute como uma garota

O Baile de Favela ecoou no pódio das Olimpíadas de Tóquio. O hino foi americano, mas o funk ainda estava na cabeça de todos quando Rebeca Andrade colocou no peito a prata do individual geral nesta quinta-feira. A ginasta de 22 anos se tornou a primeira brasileira a conquistar uma medalha na ginástica artística dos Jogos Olímpicos.

Rebeca é a personificação da típica menina negra no Brasil; mais uma entre sete irmãos, filha de mãe-solo que era empregada doméstica, entrou no esporte por um projeto social e chegou a andar por duas horas para poder treinar. Lute como Rebeca!

A ginasta começou a treinar aos quatro anos no Ginásio Bonifácio Cardoso, da prefeitura de Guarulhos, em São Paulo. Lá, ela ficou conhecida como a “Daianinha de Guarulhos”, uma referência à ídola Daiane dos Santos. “A Rebeca desde pequena sempre foi muito travessa, tudo que ela fazia era pulando, ela levava muito jeito para a coisa, mas eu não tinha muita noção de como funciona as coisas, onde tinha ginásio”, contou a mãe da ginasta, Rosa Rodrigues, de 51 anos.

Vida pessoal e família

Rebeca tem sete irmãos. A família teve dificuldades para manter o sonho da ginasta. “”No começo, eu trabalhava como empregada doméstica, então estava tudo certo. Mas teve uma época que as contas apertaram, e ela teve que parar de treinar por falta de condições financeiras. Mas quando retornou, não parou mais. Ia de ônibus e, quando não tinha dinheiro, ia a pé, mesmo com a distância do local do treino — cerca de 2 horas a pé”, contou a mãe de Rebeca.

Com dificuldades financeiras, Rebeca chegou a parar de treinar por um período, mas os técnicos organizaram um esquema de rodízio para levar a menina aos treinos. Depois, um dos irmãos de Rebeca, Emerson Rodrigues, que hoje está com 30 anos, comprou uma bicicleta para levar a irmã aos treinos.

“No começo, ele levava ela a pé, mas teve a ideia de comprar a bicicleta em uma fábrica de reciclagem. Ela tinha entre 6 e 7 anos, e ele, cerca de 15”, lembra a mãe. Nos dias de treino, o irmão de Rebeca realizava apenas uma refeição por dia. “Ela almoçava no ginásio por ser atleta, depois disso os dois iam para a escola, ele não conseguia chegar a tempo de comer no local, só a noite, depois que chegava em casa”.

A ginasta começou a treinar após uma tia, que trabalhava na Prefeitura, descobrir que havia vagas abertas para a ginástica em um projeto social da cidade. Depois, ela foi descoberta por Mônica Barroso dos Anjos, que é técnica da equipe de Guarulhos e árbitra internacional.

“Me lembro que peguei na mãozinha dela e perguntei: ‘Quer fazer o teste?’. Pedi para que ela pulasse no tablado e na hora eu brinquei: ‘Uau! essa é a futura Daiane dos Santos!’. Depois pedi para ir para a barra, abrir espacate, dar estrelinha. Eu, que trabalho há muito tempo na área, já via que ela levava jeito, era veloz, explosiva, tinha o biotipo com muito músculo, bem definida.”, contou a treinadora.

Com 57,298 pontos, Rebeca só ficou atrás da americana Sunisa Lee, que somou 57,433 pontos e manteve o domínio do país na prova. O bronze foi para a russa Angelina Melnikova, com 57,199 pontos.

 

com informações do G1

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