Pela vida das mulheres: atrizes estrelam campanha pelo direito ao aborto legal

A primeira vez que a diretora e roteirista Juliana Reis fez uma postagem em seu Instagram, perguntando aos seguidores quem toparia doar milhas para que brasileiras pudessem viajar ao exterior para fazer um aborto seguro foi em 2017, e ela recebeu apenas cinco likes. Dois anos depois, ao voltar ao tema, foram cinco mil interações em duas horas. “Acho que a sociedade caiu na real e entendeu a importância de tirar esse assunto do armário”, diz.

Nascia ali o projeto Milhas Pela Vida das Mulheres, que se transformou numa rede de apoio em torno da questão. Formada por 30 pessoas, incluindo psicólogos e juristas, a turma ajuda as mulheres a realizarem o procedimento dentro dos ditames da legislação brasileira ou, quando necessário, a recorrer a países vizinhos, como Colômbia e México, onde o aborto é legal em mais situações. “Muitas que nos procuraram eram vítimas de parceiros e não sabiam que podiam fazer um aborto legal no Brasil”, observa Juliana.

Os próprios números da iniciativa atestam a urgência do trabalho. Só no último semestre, 1.493 mulheres entraram em contato em busca de algum tipo de ajuda. Cada caso recebe um atendimento particular, que vai da orientação ao financiamento de viagens ao exterior, caso a mulher não tenha como arcar com os custos. Justamente para auxiliar parte dessa demanda, o grupo lança hoje a campanha Moda Pela Vida das Mulheres, estrelada pela dupla de atrizes Maria Casadevall e Camila Pitanga. A ação prevê a venda de roupas, acessórios e joias pelo site lojinhadomilhas.com.br, cuja renda será revertida para a iniciativa. São mais de 80 itens de 24 marcas brasileiras, vendidas com um desconto de 30%.

A escolha das atrizes não foi por acaso. Ambas compartilham opiniões contundentes sobre o tema. “Um projeto que usa a linguagem da moda para falar de aborto legal e seguro é um sopro de esperança nesses tempos sombrios”, afirma Camila, ao passo que Maria completa: “Para ultrapassarmos o âmbito moral da questão, é um debate que deveria mobilizar tanto homens quanto mulheres”.

 

do portal O Globo

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