Empreendedorismo feminino: a força da mulher brasileira

By 13 de setembro de 2021Sem categoria

Artigo de Leila M. Sant’Anna, do Bazar por Elas, especial para o Paraíba Feminina

Estamos no ano de 2021 e mesmo assim, a luta das mulheres no Brasil ainda é grande por igualdade social. Embora essa luta tenha um importante aliado, o ‘Empreendedorismo Feminino’, ainda é preciso vencer muitos obstáculos para obter avanços significativos frente ao mercado de trabalho.

No entanto, é fato que o empreendedorismo feminino contribui para o crescimento da economia e para a criação de empregos, além de transformar relações sociais. Pois, quando as Mulheres alcançam a autonomia financeira, não precisam mais se submeter a relacionamentos violentos e abusivos, não só pela independência financeira, mas também pela autoestima e cuidados consigo mesma.

Fruto do avanço na garantia dos direitos femininos e no caminho à equidade entre homens e mulheres, o empreendedorismo feminino colabora para a construção de uma sociedade mais justa na medida em que gera oportunidades de liderança para as mulheres.

Segundo o SEBRAE, no Brasil, há 9,3 milhões de mulheres à frente de um negócio, sendo que 45% delas são chefes de família, sendo responsáveis, muitas vezes, pela única renda de seus lares. As pesquisas mostram que o empreendedorismo feminino é motivado principalmente pela questão financeira, mas não é o principal motivo, pois, para muitas mulheres o ápice é atingir a satisfação pessoal. Mas há também, muitas mulheres que buscam no empreendedorismo, realizar a diferença, trazer algo de novo e positivo para o mundo.

Contudo, ainda hoje, as mulheres têm um longo caminho a percorrer para obter o mesmo reconhecimento que os homens no Mercado de Trabalho. Uma pesquisa realizada pela Catho Empregos (2018-2019), mostra que em todas as áreas de atuação pesquisadas, as mulheres ganham menos que os homens, até mesmo na maior predominância feminina, como na área da saúde.  A pesquisa mostra que as maiores diferenças salariais se dão entre os profissionais de nível superior, o percentual é atenuado conforme a escolaridade vai diminuindo, mas o salário dos homens ainda é superior em todos os níveis de escolaridade.

Além de ter que se virar com salários menores para pagar as contas e sustentar a família, as mulheres ainda precisam enfrentar mais horas de trabalhos domésticos do que os homens. Segundo o IBGE, as mulheres que estão empregadas ainda dedicam 18,5 horas semanais aos afazeres domésticos. Já os homens que estão nessa mesma situação empregam 10,3 horas nos serviços de casa. Ou seja, as mulheres seguem com uma maior dupla jornada, pois a grande maioria delas continuam sendo as responsáveis pelos afazeres domésticos. Apesar da participação do homem nas tarefas domésticas ter aumentado nos últimos anos, ainda está muito distante do peso que têm para as mulheres. Haja visto no Brasil, a discrepância é muito grande, pois a participação do sexo feminino nos afazeres domésticos é de 92,1% contra 78,6% dos homens.

Tradicionalmente, a mulher desempenha diversos papéis no seu dia a dia, além de ser mãe, ela é profissional e dona de casa ao mesmo tempo, conciliar tudo isso é um grande desafio, devido a cultura machista, fruto de uma sociedade patriarcal. O que implica no mundo corporativo, pois na hora de receber uma promoção para um cargo superior, muitas mulheres são preteridas simplesmente por não terem o mesmo estilo de um gestor do sexo masculino, ou por serem mães e terem o comprometimentos com os filhos, afinal ser mãe não a impede de ser uma excelente profissional.

Além da desigualdade nos salários, das condições e das hierarquias impostas nas empresas, as mulheres são mais cobradas quando estão em cargo de liderança. Outro desafio enfrentado pela liderança feminina é desmistificar rótulos que culturalmente são atribuídos à mulher no ambiente de trabalho, como: ‘Ah, foi promovida porque é bonita’, ‘Tá de TPM hoje?’, ‘Toda mulher é histérica’, ‘Vai chorar?’, são algumas frases repetidas cotidianamente na tentativa de desmoralizar ou menosprezar a ascensão feminina, fazendo com que a mulher enquanto profissional trabalhe dobrado para desvincular esta imagem negativa, tanto profissional quanto pessoal.

Há vários aspectos de discriminação no ambiente de trabalho contra a mulher, e uma das mais impactantes é o assédio moral e sexual, infelizmente recorrentes, no Brasil e no mundo, que trazem implicações psicológicas, sociais e laborais profundas, pois, passar por estas experiências pode ser um grande entrave para o desenvolvimento das mulheres em suas carreiras.

Muitas vezes o assediador usa de recursos de assédio moral, como: desmoralização em público, repetição da mesma atividade com o objetivo de desestabilizar emocionalmente a mulher, sobrecarga de tarefas sem a devida orientação de como realizá-las, ameaças com demissão por não cederem às investidas sexuais, dentre outros.

O assédio sexual é um termo definido por lei como ato de “constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício do emprego, cargo ou função”, (Código Penal, art. 216-A). O crime pode ser punido com 1 a 2 anos de detenção, porém o assédio sexual, ainda é um tabu no mundo corporativo e os assediadores se valem da impunidade, e este é um dos motivos pelo qual as mulheres não denunciam os assediadores, além de alegaram políticas ineficientes para combater o assédio e o próprio medo de fazer a denúncia, ou seja, a sensação de impotência, o constrangimento e a impunidade do agressor levam a mulher a ser a única a sofrer as consequências: ‘uma em cada seis vítimas de assédio sexual no local de trabalho pede demissão’.

A mulher vítima de assédio sexual muitas vezes carrega em si o sentimento de raiva, nojo, medo, vergonha, humilhação, impotência, culpa e quando se trata de classe econômica mais baixa a sensação de insegurança é maior, especialmente entre as mulheres negras e pardas.

E essa realidade não diminuiu com a pandemia, pelo contrário, em uma pesquisa recente realizada pelo LinkedIn, que é a maior rede profissional do mundo, registrou um aumento de 55% no volume de conversas entre os usuários da plataforma no período entre 2019 e 2020, e foi verificado que por se sentirem mais protegidos atrás da tela do computador, muitos homens passaram a enviar mensagens ou comentários contendo assédio para colegas de trabalho.

Com esta pesquisa fica claro que os ambientes profissionais ainda encontram dificuldades em assumir sua parte nessa mudança cultural. Ao fechar os olhos para este problema, reproduzem os mesmos comportamentos que, direta ou indiretamente, protegem o agressor e reforçam um cenário perverso, em que a vítima é revitimizada e excluída do mercado, é fundamental que as empresas criem estratégias para que os locais de trabalho sejam lugares livres de violência, que reafirmem esse posicionamento em suas políticas de Recursos Humanos e que realmente protejam as mulheres. Para tanto, é preciso estabelecer Políticas Públicas que combatam o assédio em paralelo com organizações que divisem um futuro antirracista, antissexista e mais igualitário para todas as mulheres.

Neste sentido, o empreendedorismo feminino vem mostrando sua força e as mulheres tem se destacado cada vez mais nos diversos setores da economia. Elas estão no comércio, na indústria, na prestação de serviços e negócios digitais, mostrando que o empreendedorismo não é exclusividade masculina. O empreendedorismo feminino tem funcionado como ferramenta de equiparação de direitos entre os sexos, na medida em que elas passam a reivindicar seu reconhecimento como mulheres-profissionais, participantes do crescimento econômico.

 

 

 

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