Paraibana fará filme sobre bicentenário de Maria Firmina, primeira escritora negra do Brasil

By 2 de dezembro de 2021Brasil, Cultura, Lute como uma garota

A primeira escritora negra do Brasil terá seu bicentenário de nascimento festejado. Em diversas partes do país já há movimentação para as homenagens, principalmente no Maranhão, Estado onde nasceu Maria Firmina dos Reis (a 11 de março de 1822).

A cantora, compositora e cineasta paraibana Socorro Lira está escrevendo um roteiro de um filme sobre Maria Firmina e fará uma turnê nacional com repertório do disco ‘Cantos à beira-mar’, com poemas da escritora musicados.

“Com certeza, seguirei com o show Cantos à Beira-mar, enquanto escrevo o roteiro e preparamos o filme sobre essa grande mulher. O filme não será lançado em 2022 porque não dá tempo, mas a gente segue trabalhando no projeto”, disse a multiartista paraibana Socorro Lira, radicada em São Paulo (SP), em contato com o blog T5.

Em São Luís (MA), Socorro Lira ocupa cadeira na Academia Ludovicense de Letras. Uma honra para quem se dedica à obra de Maria Firmina dos Reis. A primeira escritora negra do Brasil – filha de uma escrava alforriada e de um pai negro – é autora do romance ‘Úrsula’, de 1859.

Quem foi Maria Firmina?

Em 1825, nascia em São Luís, no Maranhão, Maria Firmina dos Reis. Ela entrou para a história da literatura brasileira por ser a primeira romancista do país.

Começou a carreira como professora e levou anos para conseguir publicar seu primeiro e mais importante livro, ‘Úrsula’. Isso porque, além de ser mulher, Maria Firmina dos Reis era negra e a escravidão ainda imperava no Brasil.

Publicou poesia, ensaios, artigos e palavras-cruzadas em jornais e revistas da época. Ela também compôs músicas com a temática abolicionista. Sua obra ficou conhecida por colocar a mulher e o homem negros sob perspectiva diferente do resto da literatura, como sujeitos centrais da história. Já quem lucrava com o comércio de escravos tinha seus atos de tortura revelados.

‘Úrsula’ foi publicado em 1859 e se tornou relativamente popular à época, não apenas por conta da autora, mas também por sua narrativa. O livro relata a perversidade da escravidão e a realidade do Brasil do ponto de vista dos negros.

Isso era inédito até então, já que a maior parte dos escritores reconhecidos eram brancos ou narravam a vida da parcela mais rica e escravocrata da população. Quando Maria Firmina dos Reis apresentou os escravos como figuras humanizadas, sua obra apresentou uma ruptura importante.

Como ativista, também fundou a primeira escola para meninos e meninas negras do país, oito anos antes da Lei Áurea. No entanto, ela foi encerrada pouco tempo depois por causar polêmica no povoado de Maçaricó, no interior do Maranhão.

Embora gozasse de certa abertura na sociedade maranhense por ser professora, ela sofreu diversos tipos de distanciamento por ser negra e por nunca ter se casado. Suas fotos públicas traziam rostos de mulheres brancas e sua obra foi silenciada. Úrsula foi recuperado apenas na década de 1960 e, finalmente, passou a ter o reconhecimento merecido.

O trabalho da escritora ficou esquecido até meados dos anos 1960, quando um historiador encontrou um de seus livros em um sebo e o trouxe à luz novamente.

Maria Firmina dos Reis morreu pobre e cega em 11 de novembro de 1917, aos 95 anos, deixando 11 filhos adotivos.

 

da redação, com informações do portal T5

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