Assédio como método: superintendente da Caixa em CG responde processo por assédio moral

By 30 de junho de 2022Brasil, Justiça

Aline Paiva (de azul) em reunião no Sindicato dos Bancários

Pedro Guimarães, agora ex-presidente da Caixa Econômica Federal, apresentou a carta de renúncia ao cargo no final da tarde desta quarta-feira, 29, após denúncias de funcionárias do banco estatal que o acusam de assédio sexual. Antes do pedido de demissão, que já era esperado desde a manhã, o economista era um dos aliados mais antigos do presidente Jair Bolsonaro (PL) no governo. Sobre Pedro Guimarães, você pode acompanhar o caso completo clicando aqui.

O fato do presidente do maior banco público do país ser acusado de assédio, no entanto, não é um caso isolado. No mês de março desse ano, a diretoria do Sindicato dos Bancários de Campina Grande, tomou conhecimento através de alguns empregados da Caixa Econômica, que a CORED – Corregedoria Caixa abriu procedimentos para apurar as denúncias da prática de assédio moral na Superintendência Regional de Campina Grande.

A redação do Paraíba Feminina teve acesso à depoimentos sobre assédio moral contra servidores das agências da Caixa em Campina Grande e cidades da região do sertão e do brejo paraibanos. Pelo menos 10 servidores reportaram denúncia à corregedoria e todas apontam para um mesmo nome: Maria Aline Xavier de Paiva, Superintendente de Rede da Superintendência Regional Campina Grande, nomeada em 2019.

De acordo com documentos exclusivos (e que não serão publicados por motivos óbvios), servidores alegaram problemas psiquiátricos e crises de pânico. Em alguns casos, houve pedido rescisão do contrato de trabalho, que na prática, significa pedido de demissão.

Em 9 de março, dirigentes dos Sindicatos de Bancários da Paraíba (Seeb – PB) e de Campina Grande e Região (Seeb-CGR) se reuniram virtualmente com, Aline Paiva. Na ocasião, foi feita a apresentação de uma pesquisa de clima organizacional realizada por um empregado da Caixa nas agências vinculadas àquela superintendência.

Aline Paiva negou a prática do assédio moral e voltou a assumir o “compromisso de mudar o comportamento e a postura para tentar restabelecer o bom clima organizacional da Superintendência Regional da Caixa Econômica em Campina Grande”. Na prática, o bom clima se transformou em pesadelo. Enquanto a CORED fazia a apuração das denúncias, Aline Paiva permaneceu na mesma função, atuando na mesma área e exercendo poder sobre os servidores que a haviam denunciado.

O afastamento de Aline Paiva das funções na Superintendência Regional da Caixa Econômica em Campina Grande só ocorreu, de fato, no início do mês de junho.

Atualmente, Aline Paiva está afastada e respondendo processo administrativo por mais de uma dezena de denúncias de assédio moral; mas oficialmente, ela foi apenas ‘destacada’ para um grupo de trabalho em Brasília. “A falta da oficialização desse afastamento deixa os servidores assustados com a possibilidade dela voltar a qualquer momento. Encontraram uma solução honrosa, mas que não resolve o problema real”, disse um servidor que preferiu não se identificar.

A nomeação de servidores em espaços de poder com perfil abusivo, parece ser método da gestão Bolsonaro. Uma hipótese levantada em alguns grupos de discussão, sugere que as denúncias contra Pedro Guimarães já seriam de conhecimento no Palácio do Planalto desde, pelo menos, o mês de março, o que poderia ter ‘atrasado’ as investigações dentro da Superintendência Regional da Caixa Econômica em Campina Grande. O temor era que o caso regional abrisse um precedente de investigações pelo país. São apenas hipóteses, e se comprovando, ou não, o fato é que as máscaras enfim, começaram a cair.

 

Taty Valéria

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