Primeira brasileira finalista de prêmio internacional de professores desabafa: “diziam que ciência não é para meninas”

By 6 de junho de 2019Brasil, Lute como uma garota
Claudio Andrade/Câmara dos Deputados

Primeira mulher brasileira finalista do Global Teacher Prize (Prêmio Professor Global), a professora Débora Garófalo falou, na semana passada, aos parlamentares da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher da Câmara dos Deputados, sobre o trabalho de robótica com sucata que ela desenvolve com alunos da Escola Municipal Almirante Ari Parreiras, na periferia pobre da cidade de São Paulo.

Nesse colégio de ensino fundamental com 750 alunos na Comunidade do Alba, Débora montou um laboratório de robótica para que os alunos projetem e construam carrinhos motorizados, robôs pessoais e outras engenhocas com placas programáveis como arduínos e microbit, máquina de refrigerante, aspirador de pó, entre outros. A matéria-prima utilizada é a sucata que alunos e professora coletam nas ruas do bairro.

A professora explicou aos parlamentares que precisou romper dois tipos de preconceitos: de que ciência não é para meninas e de que alunos pobres não podem aprender com tecnologia. Ela quebrou os dois paradigmas e hoje colhe os resultados: a evasão escolar no colégio caiu 93%; o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) da escola saltou de 3.5 para 5.2. Além disso, foi retirada uma tonelada de sucata das ruas do bairro e o trabalho infantil  – comumente realizado pelas crianças após as aulas – caiu 95%.

“Aprendi que é necessário reinventar essa escola. Que é necessário a gente integrar, de fato, a comunidade com a escola. Que a escola não é uma ilha e que ela precisa da sociedade e a sociedade precisa da escola”, disse Débora Garófalo.

A presidente da Comissão da Mulher, deputada Luisa Canziani (PTB-PR), ressaltou que a iniciativa é um exemplo da capacidade de a educação promover mudanças no País. “Nós só vamos mudar esse País através das pessoas, e as pessoas nós só mudaremos através da educação, já dizia Rubem Alves. Então, nossos esforços, enquanto legisladores e enquanto sociedade civil organizada, devem justamente se concentrar na área da Educação”, disse a deputada.

Ela lembrou ainda que, neste ano há grandes desafios sobre o assunto na pauta do Congresso: “Há a questão do Fundeb, da implementação do Novo Ensino Médio, da efetivação da BNCC [Base Nacional Comum Curricular]”, listou.

Portal da Câmara Federal

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