Mulher trabalha em casa o dobro do tempo que o homem há mais de duas décadas

By 24 de junho de 2019Brasil

Apesar dos avanços na redução das desigualdades em relação ao trabalho doméstico, podemos dizer que nos últimos 20 anos o país continuou estagnado nesse ponto. Enquanto as mulheres gastam em média 21 horas por semana para cozinhar, lavar, passar e organizar a casa, os homens trabalham a metade. Mesmo com todas as mudanças feitas na pesquisa de afazeres domésticos, listando pequenos reparos, trabalho mais praticado pelos homens, o número de horas não se mexe, de acordo com a pesquisa “Outras formas de trabalho”, divulgada nesta sexta-feira pelo IBGE. Em 2001, era a mesma divisão.
– Aumentou o número de homens que fazem trabalho doméstico, mas o tempo dispendido continua o mesmo. No recorte pelo tipo de trabalho, os homens se dedicam a atividades mais leves como pequenos reparos enquanto a mulher lava, passa, cozinha, faxina a casa. Com os filhos, a mesma coisa. Eles saem para passear, mas quem dá comida, banho e põe para dormir são as mulheres – afirma Maria Lúcia Vieira, responsável pela pesquisa.
Mesmo que a mulher trabalhe fora, ela dedica praticamente o dobro do tempo aos afazeres domésticos, quando se compara com o homem. São dez horas de atividade masculina contra 18,5 horas da labuta feminina. Se o companheiro tiver desempregado, isso não significa maior empenho aos cuidados com a casa. A mulher que trabalha fora dedica seis horas a mais ao serviço doméstico do que o homem que não tem atividade remunerada.
“No caso de não ocupados, a diferença é ainda maior, chegando a quase o dobro as horas a mais dedicadas pelas mulheres (12 horas para homens e 23,8 horas para as mulheres)”, diz o texto da pesquisa.
O Nordeste é a região em que as diferenças entre homens e mulheres mais se acentuam: as mulheres dedicam 22 horas da sua semana ao trabalho doméstico, enquanto os homens destinam menos da metade: 10,4 horas. 
Sobe parcela de homens que trabalham em casa
Apesar da desigualdade na jornada em ambiente doméstico, aumentou a parcela de homens que se dedicam aos afazeres domésticos no país. Eram 78,2% entre os que tinham 14 anos ou mais em 2018. No ano anterior, eles representavam 76,4% do total.
O avanço também foi percebido entre as mulheres. Em 2018, 92,2% delas cuidavam da casa contra 91,7% no ano anterior. Em termos absolutos, porém, elas são de longe a maioria. São 82 milhões de mulheres trabalhando em casa, contra 62 milhões de homens.
Quanto maior o grau de instrução, mais o homem se compromete com os trabalhos do lar. Entre os que têm superior completo, 85,4% se dedicam a afazeres domésticos. O percentual cai para 74,3% entre os que não têm instrução. Essa diferença não acontece com as mulheres. Independentemente do grau de instrução, mais de 90% delas cuidam da casa. 
“Não existia grande diferença na realização de afazeres por nível de instrução, por esta taxa já ser bastante significativa: 90,1% das mulheres sem instrução ou com fundamental incompleto realizavam afazeres em 2018, proporção que era de 93,4% entre as mulheres com ensino superior completo”, diz a pesquisa.

do jornal O Globo

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