A vulnerabilidade das mulheres no Brasil onde a submissão feminina ainda é encarada como regra

By 17 de julho de 2019Machismo mata

Dezessete. Um número que ainda remete a algo que representa atraso, intolerância e todas as atrocidades cometidas durante a Idade Média. Dezessete. Dezessete mulheres paraibanas que perderam a vida por motivo sexista. Dezessete mães e pais que perderam suas filhas. Dezessete forças produtivas. E o pior: dezessete homens, que em ato covarde, fraco e imbecil preferiram tirar a vida de suas companheiras e ex-companheiras pelo simples fato de não aceitarem o fim de um relacionamento.

Houve uma diminuição? Houve. É preciso comemorar? Sim. Em 2018 foram 22 mulheres vítimas de feminicídio.

As políticas públicas de prevenção e acolhimento de mulheres vítimas de violência doméstica mostram que a Paraíba segue na contramão dos dados nacionais, e é preciso exaltá-las. Mas nenhuma política pública é capaz de mudar uma cultura.

O Brasil foi colonizado baseado num modelo de intensa submissão feminina. Portugal era um dos países mais atrasados da Europa no século XVI, época do “descobrimento”. A sociedade brasileira como conhecemos hoje, surgiu do estupro de índias e negras. Meninas órfãs portuguesas foram enviadas para a colônia brasileira para se casarem e gerarem filhos brancos, pois a quantidade de crianças “pardas” já incomodava a Coroa Portuguesa. Em resumo: somos todos descendentes de mulheres que foram violentadas. Nossa cultura é forjada nisso.

E aí voltamos ao ponto central dessa discussão. O poder público tem sua carga de responsabilidade no que diz respeito à segurança e integridade de seus cidadãos, especialmente aos mais vulneráveis. E as mulheres estão vulneráveis. Somos violentadas na rua, no trabalho, em casa, no consultório médico, na igreja, no transporte público… não existe lugar seguro, e não há instituição ou poder que consiga ser onipresente.

É preciso educar desde cedo. É preciso mudar o pensamento e o tratamento que é dado às nossas crianças. Meninos precisam aprender a respeitar, meninas precisam aprender a falar. Em casa, nas escolas, nos ambientes profissionais, nas igrejas, nos espaços de convivência.

E é desolador que a maior instância de poder do país tenha pelas mulheres um conceito tão fraco, ultrapassado e negligente. Que nesses próximos anos, os Estados, enquanto entes federativos, consigam colocar em prática suas políticas de prevenção, acolhimento e conscientização sobre violência contra a mulher. A depender do governo federal, voltaremos à Idade Média.

Que nos próximos anos, o 17 fique apenas marcado como um número que representou, em algum momento da nossa história, uma tentativa fracassada de transformar o Brasil num país fundamentalista.

Taty Valéria

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