A pesquisa que Bolsonaro censurou: Consumo abusivo de álcool e seu reflexo no aumento da violência

By 9 de agosto de 2019Brasil

Em maio desse ano, o Governo Federal proibiu a divulgação de uma pesquisa sobre o uso de drogas no Brasil produzido pelo Instituo Oswaldo Cruz. A justificativa usada pela censura, era de que o Brasil estava mergulhado numa epidemia de drogas e o relatório poderia contradizer essa “informação”.

Na manhã desta sexta-feira (9) a pesquisa foi finalmente divulgada e o resultado, que tanto desagrada os setores reacionários do Governo, é que NÃO, não existe uma epidemia de drogas no Brasil. O que existe de fato, e talvez ainda mais assustador, é o consumo exagerado de bebida alcoólica: substância legalizada, acessível e aceitável, e que gera um desequilíbrio social de proporções gigantescas.

O índice de consumo de álcool no Brasil é mais alarmante do que o do uso de substâncias ilícitas, segundo o 3º Levantamento Nacional sobre o Uso de Drogas pela População Brasileira, divulgado Fiocruz. A pesquisa revelou que mais da metade da população brasileira de 12 a 65 anos declarou ter consumido bebida alcoólica alguma vez na vida.

Cerca de 46 milhões (30,1%) informaram ter consumido pelo menos uma dose nos 30 dias anteriores. E aproximadamente 2,3 milhões de pessoas apresentaram critérios para dependência de álcool nos 12 meses anteriores à pesquisa. O uso abusivo de álcool cresceu 14%.

O levantamento que ouviu cerca de 17 mil pessoas com idades entre 12 e 65 anos, em todo o Brasil, entre maio e outubro de 2015, é apontado como um dos mais completos por sua abrangência.

Álcool e violência

A relação entre álcool e diferentes formas de violência também foi abordada pelos pesquisadores que detectaram que, aproximadamente 14% dos homens brasileiros de 12 a 65 anos dirigiram após consumir bebida alcoólica, nos 12 meses anteriores à entrevista. Já entre as mulheres esta estimativa foi de 1,8%.

Cerca de 4,4 milhões de pessoas alegaram ter discutido com alguém sob efeito de álcool nos 12 meses anteriores à entrevista. Destes, 2,9 milhões eram homens. Eles também representam a maioria sobre ter “quebrado e destruído coisas que não eram suas”.

O motivo da censura sempre foi óbvio: criar um terror entre a população que justificasse medidas violentas e inconstitucionais para frear um problema que não existe. O que existe, de fato, é uma círculo vicioso que começa com a descrença e a falta de perspectivas, passa pelo abuso de uma substância lícita e barata e termina em violência. Mas disso, o Governo prefere não tratar.

confira os dados completos na Agência Brasil

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