Ser pai sem visão machista é um desafio neste mundo moderno de pensamentos bolsonaristas

By 11 de agosto de 2019Brasil
imagem ilustrativa

Hoje é o dia dos pais. Num país com mais de 5 milhões de crianças sem o nome do pai no registro com quase 100 mil processos por pensão alimentícia tramitando em todo Brasil, a data deveria se chamar “Dia dos Pais de Verdade”.

Mas hoje, resolvemos dar um crédito para os pais que realmente se colocam nessa posição. Eu conheço alguns, especialmente os da minha geração. São homens que quebraram tabus.

Nesse sentido, pedi à um colega que escrevesse um texto, dentro do seu espaço, da sua vivência, e do seu lugar de fala. Quebrar padrões é difícil. Mas é menos difícil lutar por aquilo que não temos, do que abdicar de privilégios que foram dados de graça.

Eis seu relato, e que sirva de inspiração.

Quando a editora deste site me convidou para relatar minha visão de mundo como pai, logo vislumbrei o que ela realmente queria de mim. Sou pai de três filhas, casado com uma mulher. Minha casa é um lar altamente feminino, onde o direito das mulheres está sempre em discussão, sem machismo e com muito amor.
Por outro lado, fui criado num ambiente extremamente machista. Minha casa tinha muito homem para apenas minha mãe de mulher. Ao todo, juntando irmãos, tios, meu pai e meu avô o número era de sete homens para uma mulher. Este deve ter sido o primeiro 7 x 1 que levei na vida.
Em suma, essa criação machista bateu de frente com todas as minhas colegas de sala quando entrei no primeiro dia da universidade. O que a escola escondeu, apareceu aos meus olhos e quando me dei conta estava fascinado com o empoderamento feminino. As garotas feministas sempre foram as mais interessantes por toda a bagagem que elas carregam e a segurança de sempre defender igualdades entre homens e mulheres.
E esse encanto me levou a pensar uma outra forma de moldar o mundo. De enxergar as coisas, de perceber o quanto a nossa cultura é racista e machista e quais os desafios que teria e que tenho hoje para que as minhas filhas não sejam criadas em ambientes machistas e possam ser voz ativa e equidade em todas as ações profissionais que elas exerçam.
Pode parecer tranquilo, corriqueiro e que existe naturalmente no nosso mundo, mas não é…..
A realidade lá fora é muito dura. O mercado de trabalho paga 15% a menos para mulheres do que para homens. A sociedade patriarcal ainda mantém um monte de “tradições” ilógicas dentro da família e a sociedade toda enxerga a mulher de maneira geral com um ar de inferioridade. São um legado de coisas que as mulheres sofrem e chegamos em pleno 2019 com um conjuntura governamental apontada pra idade média.
As coisas nunca foram tão desafiadoras. E no nosso Brasil bolsonarista as coisas estão nada legais. É muito retrocesso. E as mulheres certamente são as que mais vão sentir na pele

André Freitas, formado em Letras pela Universidade Federal Fluminense, um leitor carioca.

Leave a Reply

%d blogueiros gostam disto: