Masculinidade frágil: o cuidado com o meio ambiente e o “medo de parecer gay”

By 12 de agosto de 2019Brasil

Um estudo realizado pela Universidade Estadual da Pensilvânia, nos Estados Unidos, revelou que homens reciclam menos por considerarem a prática “coisa de mulher”. Os especialistas também perceberam que eles têm medo de “parecerem gays” e, por isso, evitam se engajar em atitudes favoráveis ao meio ambiente. Como podemos ver, nada é mais frágil do que a masculinidade de um homem hétero.

Segundo os pesquisadores, o ambientalismo, em geral, pode ser visto como feminino porque se encaixa no papel tradicional das mulheres de “cuidadoras”. No entanto, determinadas atitudes pró-ambientais também podem se alinhar aos papéis tradicionalmente masculinos: “Comportamentos não apenas nos ajudam a realizar algo concreto, eles também sinalizam algo sobre quem somos”, disse Janet K. Swim, autora da pesquisa, em comunicado.

O estudo foi realizado em três partes e contou com a participação de 960 voluntários. Nos dois primeiros experimentos, ficou claro que a ideia de gênero reflete no quanto cada um estava disposto a cuidar do meio ambiente: “Refletindo a tendência de ver o ambientalismo como feminino, todas as pessoas foram classificadas [depois do teste] como mais femininas do que masculinas [quando demonstravam se importar com o meio ambiente], independentemente dos comportamentos que tiveram”, apontou Swim.

Além disso, os resultados indicaram que, apesar de os voluntários não verem os defensores do meio ambiente como gays ou lésbicas, suas avaliações sugeriam que tinham menos certeza se a pessoa era heterossexual: “Se ser visto como heterossexual é importante para uma pessoa, ela pode priorizar os comportamentos pró-ambientais que não estejam em conformidade com o gênero”, explicou a psicóloga.

No terceiro experimento, os pesquisadores analisaram se os participantes evitavam a convivência com outros dependendo de suas preferências sobre o comportamento ambiental. As mulheres preferiram conviver com outras mulheres, enquanto homens foram mais propensos a se distanciar das mulheres com “atitudes masculinas” — mesmo se isso significasse se agrupar com homens “afeminados”.

Para os especialistas, esses resultados sugerem que as mulheres têm maior probabilidade de sofrer consequências sociais negativas por parte dos homens por se engajarem em causas amebientais que não sejam “de acordo” com seu gênero.

“Ficamos surpresos que apenas as mulheres foram evitadas quando se envolveram em comportamentos não relacionados ao seu papel de gênero”, disse Swim. “Não podemos dizer por que isso está acontecendo, mas é uma consequência social. As mulheres podem estar experimentando esse feedback negativo e podem não saber por quê.”

da Revsita Galileu

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