A silenciosa censura de Bolsonaro começa impregnar o Governo e ainda tem gente que bate palma

By 13 de agosto de 2019Brasil

Diretor afastado por divulgar dados, jornalistas demitidos por se contrapor ao presidente a agora até questionário perguntando sobre a exibição de cenas de sexo nos filmes. Aos poucos, o presidente Jair Bolsonaro vai dando as cartas do nível de censura que está implantando no Governo Federal enquanto eleitores do presidente batem palma e colocam qualquer ação mais ríspida como culpa dos adversários políticos.

Para se ter a ideia do nível de perturbação dessa corrente conservadora que governa o país, no dia de ontem a BB DTVM, subsidiária do Banco do Brasil, abriu um edital para seleção de filmes que receberão investimentos da empresa via Lei do Audiovisual. O formulário questiona se “serão exibidas cenas de nudez ou sexo explícito” na obra.

O documento também pergunta se o filme “tem cunho religioso ou político” ou se “faz referência a crimes, drogas, prostituição ou pedofilia”.

Em julho, durante a transição do Conselho Superior de Cinema para a Casa Civil, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que não podia “admitir filmes como Bruna Surfistinha com dinheiro público”. E disse que a Ancine sofreria “filtros” por parte do governo.

“Nós não queremos nem censuraremos ninguém, mas não admitiremos que a Ancine faça peças ditas culturais que vão contra os interesses e nossa tradição judaico-cristã”, afirmou Bolsonaro na ocasião. 

Pouco após a publicação do edital, o Sindicato dos Bancários de SP, Osasco e Região criticou o documento e acusou o governo de tentar “censurar” o cinema do país.

Dados

Em maio, a demissão do presidente do Instituto Nacional de Pesquisas e Estudos Educacionais (Inep), Elmer Vicenzi, após 17 dias no cargo, expôs o conflito com integrantes da procuradoria, a área jurídica do órgão, por defender a divulgação dos dados produzidos pelo Inep, como avaliações e indicadores educacionais.

Já no início deste mês, foi a vez do diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Ricardo Galvão, que deixou o cargo após discussão com o mandatário da República. “O meu discurso em relação ao presidente criou um constrangimento. Tinha uma preocupação muito grande que iria respingar em mim”, explicou à época.

Opinião

Quem também está sofrendo com a censura do Governo Bolsonaro são os jornalistas. Desde o recém falecido Paulo Henrique Amorim, que foi demitido da Record, a Marco Antonio Villa, que deixou a Jovem Pan, o presidente não perde a oportunidade de perseguir quem não concorda com suas decisões.

Enquanto isso, os poucos incomodados com esse situação de censura, cortes de verbas de universidades e perdas de direitos com a Reforma da Previdência, só podemos ir às ruas lutar por dias melhores. E esperamos que este protesto de hoje seja mais um brado da população do nosso país de não aceitar um presidente truculento que só pensa em favorecer a própria família.

da redação com a Veja, Metropole e Exame

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