O triste Brasil moderno, a escalada da desigualdade e o povo cada vez mais calado e pobre

By 16 de agosto de 2019Brasil


A desigualdade de renda no Brasil está aumentando há 17 trimestres consecutivos, o maior período já documentado pela série histórica, segundo o estudo “Escalada da Desigualdade”, do economista Marcelo Neri, do FGV Social, divulgado nessa quinta-feira (15).

“Nem mesmo em 1989, que constitui o nosso pico histórico de desigualdade brasileira, houve um movimento de concentração de renda por tantos períodos consecutivos”, destaca o estudo.

A alta da desigualdade começou no primeiro trimestre de 2015, na comparação com o mesmo período de 2014. A partir dai continuou subindo por 17 trimestres seguidos, sempre na comparação anual.

Nessa época, passou a ficar mais evidente o desequilíbrio fiscal no qual o país estava se afundando.

Economistas sustentam que o rombo foi piorando com as politicas intervencionistas e de estímulo ao consumo usadas para superar a crise global naquele momento teriam fugido de controle ao longo do governo Dilma Rousseff (2011-2014).

Após quatro anos e três meses de altas consecutivas, a desigualdade de renda teve o menor avanço de abril a junho deste ano.

“É um aumento modesto que interrompe um longo período de aumento da concentração de renda do trabalho, mas mostra desaceleração da desigualdade”, diz a pesquisa.

O estudo traz a evolução do índice de Gini, medida popular de desigualdade, que mostra tendência acendente desde o último trimestre de 2014, quando chega a 0,6003, o nível mais baixo da série. O viés de alta persiste até o segundo trimestre de 2019, período no qual ele subiu 0,0287 ponto.

Durante esse período, o índice seguiu com um ritmo de aumento anual similar ao de queda observada no período histórico de marcada redução da desigualdade entre 2001 e 2014, destaca a pesquisa.

Sobre a renda média do trabalhador, a pesquisa de Marcelo Neri ressalta uma queda entre todos em idade ativa, como evidencia a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada ontem pelo IBGE.

Do último trimestre de 2014 até o segundo de 2019, a perda acumulada foi de 3,71%. O recuo é mais forte entre jovens de 20 a 24 anos (-17,76%). seguido pelos analfabetos (-15,09%), moradores da região Norte (-13,08%) e Nordeste (-7,55%) e pessoas de cor negra (-8,35%)

A severa queda de renda média do trabalho não restrita somente aos ocupados.

Procurando por mais tempo

No material divulgado pelo IBGE ontem, o instituto destacou o aumento no contingente de pessoas que procuram entrar no mercado formal de trabalho por dois anos ou mais, que chegou ao maior patamar desde 2012.

Há no Brasil hoje 3,347 milhões de pessoas nessa situação, o que equivale a dizer que 1 em cada 4 desempregados procura trabalho há pelo menos dois anos.

Segundo o IBGE, essa realidade ajuda a explicar o aumento dos desalentados (quem desistiu de procurar emprego) e da informalidade.

Do Exame

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