Acusar sem provas e gerar pânico: O exemplo de Bolsonaro chegou à João Pessoa

By 22 de agosto de 2019Paraiba

Que alguns parlamentares paraibanos se identificam com a agenda conservadora e preconceituosa do presidente Jair Bolsonaro, nós já sabíamos, mas não deixa de causar uma “quase” surpresa que esses parlamentares também seguem a linha de acusar e difamar sem provas. Também não entendemos onde cabe a ação de um vereador no que diz respeito à gestão estadual.
Ao contrário do que foi divulgado por blogs, não houve nenhum tipo de coação ou intimidação para que alunos da Escola Cidadã Integral Francisca Ascenção Cunha, localizada nos Bancários, se vestissem de mulher, e que as alunas se vestissem de homem.
No fato divulgado, uma mensagem de whatsapp sem identificação mostra o seguinte texto:
A ECI Francisca Ascenção, vem por meio deste comunicar aos alunos do 3º ano médio integral, que amanhã, 17 de julho, todos os alunos do sexo masculino devem vir vestidos de roupas femininas, e todas as meninas de roupas masculinas, os que não vierem assim deverá pagar uma taxa de 5,00 reais para poder assistir aulas”.
Até o momento da finalização desta matéria, não conseguimos identificar o autor da mensagem, mas afora os erros crassos de ortografia, o que apuramos é que ela NÃO é uma mensagem oficial, não foi enviada por nenhum dos professores e tampouco pela direção.
Assim como acontece não só com a turma do 3º ano da ECI Francisca Ascenção, mas em outras unidades de ensino, inclusive particulares, nada passou de uma brincadeira da turma de formandos que foi divulgada e disseminada contrariando a realidade dos fatos.
Em comum acordo e de forma lúdica, a turma decidiu que em determinados dias da semana, todos iriam assistir aulas com vestimentas de determinados temas: roupas góticas, ‘bregas’, pijamas… 
Quem não aderisse à brincadeira, poderia contribuir com R$ 0,50 centavos, dinheiro que será usado para realizar a festa de formatura da turma, no final do ano.
Liliane Alves de Sousa, diretora do ECI Francisca Ascenção, foi procurada para esclarecer a situação. “Nada aconteceu da forma que foi divulgada. A direção nega que tenha enviado essa mensagem, não coagimos os alunos e não cobramos nenhum valor para que eles pudessem assistir às aulas, é importante que isso fique claro: a direção não enviou esse comunicado.”, afirmou a diretora, salientando que compareceu à delegacia para prestar um Boletim de Ocorrência por danos morais, calúnia e difamação.
Na foto que foi divulgada, aparecem alunos, professores, coordenadores, e profissionais da Secretaria Estadual de Educação. Todos estão com os rostos cobertos por tarjas, exceto o professor de história Thiago Calábria. “Da forma que fui exposto, dá a entender que fui o autor da atividade e autor do texto. Eu participei da brincadeira junto com os alunos, eu e mais outros professores, incluindo a diretora da unidade”, afirmou.
A diretora Liliane Sousa (com o boné) e o professor Thiago Calábria (de tênis branco) na foto original. 
“Estão acusando a escola de perseguir e coagir, mas o que se prega na escola é o respeito. Claro que existe uma divergência de ideias entre os alunos, e isso é muito saudável, mas é preciso deixar claro que não há, de forma alguma, clima de guerra, como querem apontar”, disse o professor, que tem mestrado em educação e é redator da Base Nacional Comum Curricular.
O professor Thiago Calábria e a diretora Liliane Sousa estão em Brasília, participando de uma formação do Ministério da Educação.
Ainda de acordo com a direção da unidade, a escola possui em seu quadro docente professores com mestrado e doutorandos. Desses, seis profissionais participaram do Giramundo, na Finlândia. 
“Participamos de uma formação que nos capacitou e nos inspirou a trazer inovação, e foi isso que fizemos”, disse Calábria, lembrando que a Francisca Ascenção existe há 35 anos e só recentemente foi colocada no mapa de excelência da educação na Paraíba.
Taty Valéria

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