Mulheres criaram a torcida, alavancaram o futebol no Brasil e outras verdades para afetar o seu machismo

By 24 de agosto de 2019Lute como uma garota
foto do acervo Memorial da Portuguesa de Despostos, 1935

Futebol não é coisa de mulher. Quem disse?
Já publicamos aqui que as mulheres foram as inventoras da cerveja. Também falamos do empoderamento feminino em alguns áreas como o cinema, literatura e até no exército. Mas agora vamos falar de futebol. E você pergunta: o que é que mulher tem a ver com isso? Eu respondo: somente tudo!
E o choro é livre.
As mulheres foram as responsáveis por alavancar a popularidade do futebol no Brasil e talvez sem elas não existisse todo o glamour em torno do ludopédio tupiniquim*. Na série O Negro no Futebol Brasileiro, exibido pelo canal HBO e disponível online no YouTube, jornalistas e historiadores falam sobre o assunto.
O jornalista e pesquisador Claudio Nogueira revela que no final do século XIX, o futebol era um programa de domingo, onde os homens iam de paletó e gravata e as mulheres muito bem vestidas. E elas tomavam conta da arquibancada. E para apoiar ainda mais os atletas, elas balançavam e torciam os lenços, criando o termo torcida.
No começo o esporte contava com o protagonismo de jovens de boas famílias que iam estudar fora do país e voltavam pra passar as férias em casa com as malas cheias de novidades. O livro homônimo à série, do jornalista Mário Filho, relata que o futebol começou a ser praticado pela elite carioca, associados de clubes sociais e de regatas e que era dispendioso participar de uma ‘pelada’, pois após a partida havia comemorações homéricas bancadas pelos praticantes do futebol incentivados pela afã juvenil e a presença feminina.
E dentro de campo as mulheres chamavam ainda mais atenção. Os jogadores quando adentravam o gramado iam cumprimentar as meninas presentes. Todas eram cortejadas o tempo todo pelos atletas e demais torcedores e é exatamente essa participação intensa das mulheres incentivando seus clubes e jogadores que popularizou o futebol e transformou na paixão do povo brasileiro.
O historiador João Paulo Streapco destaca que até a cidade do Rio de Janeiro era acanhada para a época, sem grandes alternativas de lazer, e o envolvimento das mulheres nas partidas acabou tornando o esporte um fenômeno, começando pela elite de jovens e rapidamente tomando conta de todo o país e camadas sociais.
*Ludopédio tupiniquim é um termo bastante usado no passado por jornalistas e escritores para se referir ao futebol brasileiro.

da redação

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