Sesquicentenário reage! “Não quero que meu filho seja um robô, quero que seja um ser pensante”

By 2 de setembro de 2019Paraiba
Sesquicentenário

Toda ação gera uma reação.
Na última quinta-feira (29), o Sesquicentenário foi pego de surpresa com a publicação, numa rede social do parlamentar Walber Virgulino, de cartazes produzidos durante um trabalho escolar das turmas dos 1º e 2º anos. Postados de forma aleatória e sem a devida contextualização, a publicação gerou críticas e acabou por suscitar ameaças aos professores e à coordenação da unidade escolar.

No final da manhã desta segunda-feira (2) o Grêmio Estudantil Avante promoveu o ato “Dia do Não, Contra a Censura”, que reuniu no pátio principal da escola um grande encontro de com alunos, professores e pais de alunos que se uniram para promover a liberdade de pensamento e repudiar os ataques sofridos pelo Sesquicentenário.

Uma lei estadual sancionada em dezembro de 2018 garante direito à liberdade de expressão em ambiente escolar na Paraíba, tanto em unidades públicas, quanto privadas. É a lei que garante o livre pensamento.

De acordo com o diretor do Sesquicentenário, Angel Almeida, o movimento foi organizado pela comunidade estudantil, sendo acompanhado pela direção e pelos professores.

“Nossa escola tem a maior formação no Giramundo e a maior aprovação no Enem em escolas públicas. Vivemos numa democracia e mesmo os pais que se sentiram incomodados com a apresentação dos cartazes foram recebidos e ouvidos. O Sesquicentenário respeita a ideologia e as divergências de cada segmento, desde que não interfira na questão pedagógica dos professores, e desde que seja respeitado o direito de se posicionar”, afirmou, rebatendo as acusações de que a direção da unidade teria “perdido o controle”.

Para Eduarda, aluna do 1º ano e que participou do projeto de sociologia que culminou com a confecção dos cartazes, a forma como a publicação foi feita deturpou totalmente o objetivo do trabalho.

“O professor nos pediu pra escolher um movimento social, escolhemos o feminismo e uma das pautas é a descriminalização do aborto. Não emitimos opinião alguma, só apontamos a questão.  O objetivo do trabalho foi só mostrar os movimentos e quais as bandeiras de cada um”, disse Eduarda, que afirmou ter se sentido mal ao ver seu cartaz numa publicação tão ofensiva.

Andréa, mãe de um aluno do 3º ano, participou da movimentação em apoio à comunidade escolar. Para ela, o que está acontecendo não é apenas um ataque à escola ou aos professores, mas é um ataque à democracia. “Nada melhor que a diversidade sendo ensinada nas escolas. Não quero que meu filho seja um robô, que que seja um ser pensante. Mesmo não concordando com alguns dos cartazes, eu tenho que respeitar, que aceitar as diferenças”, disse Andréa.

Renan Palmeira, professor de sociologia que elaborou junto com a turma o trabalho sobre Movimentos Sociais, mesmo estando satisfeito com a solidariedade e acolhida da comunidade escolar, não esconde que a preocupação com a atual conjuntura.

“Foi um ataque contra a democracia e a liberdade. Estamos vivenciando uma cultura de medo e precisamos reagir. Ainda estamos receosos porque continuamos recebendo ataques e ameaças, mas resistimos, porque é nossa função social enquanto educadores”.

Taty Valéria

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