Foi golpe. Com judiciário, com tudo. Um golpe midiático, machista e misógino.
Desde que o Supremo Tribunal Federal não permitiu que o presidente Lula assumisse o cargo de ministro da Casa Civil que acompanhamos uma série de atrocidades e equívocos jurídicos e políticos que culminaram na saída de Dilma, na prisão de Lula e a posterior eleição de Bolsonaro e um retrocesso incrível em pouco mais de nove meses de governo.
Voltamos a relembrar esse assunto por conta da entrevista ao programa Roda Viva concedida por Temer na noite desta segunda-feira (16), onde ele assume que foi golpe pela primeira vez, e negou que tenha se empenhado durante o processo que levou ao afastamento da ex-presidente Dilma.
“O pessoal dizia que o Temer é golpista e que eu teria apoiado o golpe. Diferente disso, eu jamais apoiei ou fiz empenho pelo golpe”, disse Temer. Aliados de Dilma se referem ao impeachment como um golpe, sendo que Temer também foi criticado por supostamente ter atuado contra a presidente. “Não imaginava que viraria presidente por essas vias”, disse Temer, que em seguida foi questionado se “não havia conspirado nem um pouquinho?”. O ex-presidente reiterou que não.
Temer também disse acreditar que, se Lula fosse nomeado ministro da Casa Civil de Dilma em 2015, o impeachment poderia não ter acontecido. A nomeação de Lula foi barrada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) após o então juiz Sergio Moro divulgar uma ligação entre o petista e Dilma. No telefonema, Lula e Dilma tratavam sobre o termo de posse para o cargo.
“Ele (Lula) tinha bom contato com o Congresso”, afirmou.
Cara-de-pau
Ao analisar o cenário político e a chegada do presidente Jair Bolsonaro ao poder, Temer disse que não vê correlação com o impeachment de Dilma.
“No Brasil, de tempos em tempos as pessoas querem mudar tudo. Foi assim na eleição do Lula. Eu não faço exatamente essa conexão (entre o afastamento de Dilma e ascensão de Bolsonaro)”, afirmou Temer. Ao ser questionado sobre sua avaliação a respeito do governo Bolsonaro, Temer respondeu com um autoelogio: “O governo Bolsonaro tem um ponto positivo. Esse ponto positivo, modéstia de lado, é porque ele está dando sequência a tudo aquilo que eu fiz”, disse o emedebista, ao lembrar das reformas aprovadas pelo seu governo, como o projeto do teto de gastos e a reforma trabalhista.
Ele evitou fazer críticas contra o governo. Ao comentar sobre o comportamento de Bolsonaro no Planalto, que costuma adotar um tom informal nas declarações e tem sido criticado por não ter apreço com a liturgia do cargo, Temer se limitou a dizer que “cada um tem seu estilo”. Para ele, os embates protagonizados por Bolsonaro não devem tirar a confiança de investidores estrangeiros no país.
da redação, com informações do Globo