Mulheres impulsionam mercado erótico e setor vai crescer mais de 30% este ano

By 30 de setembro de 2019Brasil

Quem olha para os números do mercado erótico no Brasil dificilmente enxerga qualquer indício de crise ou de dificuldade. As lojas especializadas em artigos voltados à intimidade de casais estão cada vez mais equipadas e movimentadas – com gente de todo tipo.

Depois de chegar à marca de R$ 1 bilhão de faturamento em 2017, segundo dados da Associação Brasileira das Empresas do Mercado Erótico e Sensual (Abeme), o setor deve superar a cifra de R$ 1,8 bilhão em receitas neste ano.

Está muito claro que os brasileiros estão vencendo o preconceito e a hipocrisia, sabendo separar sexo de conceitos antigos do que é pecado
Paula Aguiar, empresária e ex-presidente da Abeme

A disparada é atribuída, principalmente, às facilidades – e discrição – proporcionadas pelo e-commerce e a maior participação das mulheres nas vendas. “Os tempos modernos liberaram as mulheres de antigos tabus e de padrões machistas de comportamento”, afirma Paula Aguiar, empresária do setor e ex-presidente da Abeme.  “Hoje em dia, elas representam cerca de 70% das vendas dos sexshops e, graças a isso, estamos crescendo entre 30% e 35% ao ano desde o começo de 2018.”

Atualmente, Paula também atua como importadora e consultora de produtos eróticos. “Agora, são as mulheres que tomam as iniciativas. Não sentem receio de entrar em lojas do segmento e até deixam o bloco masculino meio acanhado”, garante.

As mudanças de comportamento do consumidor estão expressas nas estatísticas de receita e vendas na internet. A mais recente pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), relacionada ao consumo virtual no ano passado, aponta que o índice de satisfação dos brasileiros na compra de produtos eróticos é de até 81%.

Além disso, os sexshops virtuais representam 90% de todas as vendas. “O debate sobre o empoderamento sexual e o prazer feminino ajudaram a implementar os negócios do setor”, diz o presidente da Abeme, Edvaldo Bertipaglia. “Além disso, fenômenos de massa, como novelas, filmes e revistas com informações sobre o universo sexual foram fundamentais para o mercado erótico no Brasil.”

O segmento cresce à medida que o seu público se diversifica. Segundo Paula, tem sido exponencial o aumento de consumidores da terceira idade, grupos que, no passado, eram raros dentro de lojas do ramo. “Está muito claro que os brasileiros estão vencendo o preconceito e a hipocrisia, sabendo separar sexo de conceitos antigos do que é pecado”, afirma a empresária. “Cultivar a cumplicidade e a intimidade entre marido e esposa fortalece o elo familiar. Os casais não precisam pular a cerca.”

De acordo com os dados da Abeme, São Paulo lidera o mercado brasileiro, com 33% das vendas do país. Em seguida aparecem Rio de Janeiro (16%) e Minas Gerais, com fatia de 11% do setor. Para o presidente da entidade, todas os mercados estão com as mulheres na liderança.

Lingeries e cosmética sensual são os itens mais procurados. “Além disso, a cultura da mulher brasileira de ser uma cuidadora do relacionamento fez com que as lojas se adequassem a este público. As mulheres são formadoras de opinião e influenciam as amigas a comprarem ou não”, afirma o executivo. Ainda de acordo com os dados da associação, os consumidores gastaram em suas compras, em média, R$ 210.

Assim como lojas físicas e e-commerce, o mercado erótico está crescendo com as vendas diretas, conhecidas como porta-a-porta. Segundo Paula Aguiar, os vendedores autônomos têm conseguido uma importante fonte de renda em tempos de desemprego alto e aumento da informalidade do mercado de trabalho.

“Os catálogos são variados e oferecem itens a partir de R$ 50 ou R$ 100. Não é difícil conseguir renda mensal acima de R$ 1 mil”, garante ela. “Há de tudo um pouco para quem deseja viver intensamente cada momento sem as barreiras da vergonha,” completa Paula.

Do Estado de Minas

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