A triste cidade nordestina onde a violência contra a mulher representa 35% das ocorrências policiais

By 14 de novembro de 2019Machismo mata

Cerca de 35% das ocorrências policiais em Mata de São João são relacionadas à violência contra a mulher. O assunto foi debatido por profissionais das áreas de Saúde, Educação, Direito e Ação Social e pela população em geral durante o Fórum Municipal de Políticas Para as Mulheres, realizado na quarta-feira (13) pela Secretaria de Ação Social de Mata de São João. Sob o tema “Conscientização da sociedade na luta contra a violência à mulher”, o evento trouxe à tona assuntos como racismo, falta de oportunidade de ascensão, más condições de trabalho, desestruturação familiar e falta de informação foram tratados pelos participantes.

O dado alarmante foi apresentado pelo Capitão da Polícia Militar, Marco Galo. O percentual de cerca de 35% das ocorrências policiais de Mata de São João estarem relacionados à violência contra a mulher é o mesmo no município de Camaçari, segundo a promotora Luiza Amoedo. Ainda de acordo com o capitão da PM, os números aumentaram em mais de 25% neste ano, em comparação a 2018. “Precisamos saber se a violência de fato aumentou ou se as pessoas passaram a denunciar mais”, destacou.

Os especialista afirmam que um dos principais obstáculos no enfrentamento da violência contra a mulher é a omissão, a falta de denúncia. Um levantamento do Instituto Datafolha, do início do ano, para o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, indica que 52% das mulheres brasileiras que sofrem violência doméstica não denunciam os agressores.

A secretária municipal de Ação Social, Mariane França, também destacou o crescente número de agressões físicas, de violência psicológica, de estupro e de armas de fogo contra a mulher no Brasil, apontados pelos indicadores oficiais de Segurança Pública. “Infelizmente, o nosso município está nesta estatística. Através das unidades de referência CRAS e CREAS, atuamos de forma preventiva e protetiva. Há mais de dois anos estamos intensificando nossas ações na abordagem de temas para garantia de direitos para as mulheres”, pontuou a gestora.

De acordo com a representante da Secretaria Estadual de Políticas para as Mulheres, Kaliana Fontes, além das agressões físicas, a mulher sofre diversos outros tipos de violência, que não são identificadas, e por isso não são denunciadas. “Cabe a nós, enquanto rede, segmentos de Segurança Pública, Ministério Público, Secretaria de Política para as Mulheres, CRAS e CREAS, orientar essas mulheres. Devemos ajudá-las a entender que a violência, para ser registrada, não basta ser só física ou sexual. Mas a psicológica, a patrimonial e a moral também destroem a autoestima, a estrutura psicológica e a vida de uma mulher”, explicou.

Do A Tarde

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