Conheça o grupo de mulheres negras que mira vagas no Judiciário e Ministério Público para combater racismo

By 27 de novembro de 2019Lute como uma garota

Buscando estudar para entrar no Ministério Público e no poder Judiciário, um grupo de mulheres negras descobriu, no Recife, que os encontros poderiam ir além do estudo jurídico. No mês da Consciência Negra, a história do grupo vira um exemplo para reforçar os pedidos de respeito, igualdade e de políticas públicas para combater o racismo (veja vídeo acima).

Formado por advogadas que sonham com um cargo público, o grupo foi criado há dois meses pela procuradora federal e professora de direito Chiara Ramos. O objetivo é ajudar negras a ocuparem cargos importantes, mas ela sabe que o caminho não é fácil.

“A Procuradoria Geral Federal tem menos de 2% de mulheres negras, autodeclaradas negras. Dentro do Ministério Público Federal, a Procuradoria da República não tem nenhuma mulher que se autodeclara negra. Como é que você pode se ver nesses pontos estratégicos? Como é possível sonhar, se você acha que aqueles espaços nem existem como possibilidade para você?”, disse.

O grupo foi batizado de Abayomi, que significa “encontro precioso” em Iorubá. Para as integrantes, o significado do nome condiz com cada momento de reunião.

“A gente sempre conversa, a gente está sempre dialogando, trocando ideias. É uma questão de fortalecimento, uma segurando a mão da outra, uma apoia a outra, uma acolhe a outra”, disse a integrante Priscila Santos.

Para a professora Raquel Aragão, que também participa das reuniões, o grupo traz esperança para elas e para as próximas gerações. “Eu saio fortalecida, sabendo que é isso que a gente quer para o futuro de nossas crianças”, afirmou.

Com uma história de conquistas vindas após lutas, a advogada Patrícia Oliveira é motivada pela frase “seu lugar é aquele onde você sonha estar”. Primeira da família a ter formação superior, ela celebra um filho laureado na faculdade de jornalismo e diz que o preconceito é um forte empecilho para potencializar talentos.

“Eu tenho uma base muito sólida que passa pelos meus pais, pessoas semialfabetizadas, vindas do interior de Tracunhaém. Hoje, dentro da minha comunidade, as pessoas me têm como referência”, disse a advogada.

“Hoje a Abayomi Juristas Negras promove esse maior empoderamento no sentido, principalmente, de propósito. E digo que as maiores felicidades vão ocorrer ainda quando cada uma começar a ser aprovada”, afirmou Chiara.

Do G1

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