Coragem é pra quem tem: conheça a história das garotas que enganavam e eliminavam nazistas!

By 20 de janeiro de 2020Lute como uma garota

Que história!!

Hannie Schaft tinha 19 anos e as irmãs Truus e Freddie Oversteegen apenas 16 e 14 anos, respectivamente, quando os nazistas ocuparam a Holanda, em 10 de maio de 1940.

Truus e Freddie Oversteegen nasceram na cidade de Schoten – agora parte de Haarlem – e cresceram sozinhas com a mãe, uma mulher de profundas convicções antifascistas – grande mulher.

Em entrevistas com a antropóloga Ellis Jonker, coletada no livro “Under Fire: Women and World War II” (Sob o Fogo: Mulheres e a Segunda Guerra Mundial), de 2014, Freddie Oversteegen lembrou que sua mãe as incentivou a fazer bonecas para crianças que sofreram na Guerra Civil Espanhola, e que, no início dos anos 30, se ofereceu como voluntária na International Red Aid, uma espécie de Cruz Vermelha Comunista para prisioneiros políticos em todo o mundo.

Mesmo sendo muito pobres, a família recebeu refugiados da Alemanha e Amsterdã, incluindo um casal judeu, uma mãe e um filho que passaram a viver no sótão de sua casa.

Quando os nazistas invadiram a Holanda, os refugiados foram transferidos para outro lugar, já que os líderes da comunidade judaica temiam uma possível incursão policial por conta das conhecidas tendências políticas da família Oversteegen.

As duas irmãs e sua amiga Hannie Schaft, uma jovem ruiva que abandonou a faculdade de Direito depois de se recusar a jurar lealdade à Alemanha, eram membros proeminentes da resistência.

Quando a ocupação começou, as irmãs Oversteegen passaram a desempenhar pequenas tarefas para a crescente resistência clandestina. Distribuíam panfletos ( “A Holanda deve ser livre!”) e colavam cartazes antinazistas ( “Para cada homem holandês que trabalha na Alemanha, um alemão vai para o front”).

Até então se acreditava que a resistência holandesa era uma tarefa masculina, em uma guerra de homens. Se as mulheres se envolvessem, provavelmente não fariam nada além de entregar panfletos ou jornais anti-alemães. Só que não.

Os esforços das irmãs Oversteegen atraíram a atenção de Frans van der Wiel, comandante do Conselho de Resistência clandestino de Haarlem, que convidou as meninas para integrar sua equipe, com a permissão da mãe.

“Acho que elas eram apenas adolescentes tímidas. A guerra logo as transformou em mulheres corajosas“, diz Martin Menger, filho de Truus Oversteegen.

As irmãs Oversteegen então se tornaram oficialmente parte de uma célula de resistência composta por sete pessoas, que cresceu em 1943 com a incorporação da Schaft.

Mas as três meninas trabalhavam principalmente como uma unidade independente, seguindo instruções do Conselho da Resistência. Assim, Truus e Freddie Oversteegen e Hannie Schaft se transformaram em exceções: três adolescentes que pegaram em armas contra os nazistas e os “traidores” holandeses nos arredores de Amsterdã.

“Era atípico que meninas participassem da resistência armada e, principalmente, executassem traidores, algo que essas três adolescentes fizeram”, diz Liesbeth van der Horst, diretora do Museu da Resistência Holandês.

Pouco tempo depois, o papel delas passou a ser mais ativo, envolvendo ação direta.

“Mais do que os alemães, essas jovens executaram principalmente traidores holandeses, simplesmente porque costumavam ser uma ameaça ainda maior do que os nazistas”, diz Truus Menger, filha de Truus Oversteegen.

Remy Dekker, filho de Freddie, acredita que isso aconteceu quando sua mãe tinha 15 ou 16 anos.

Talvez em sua ação mais ousada, as três adolescentes aproveitaram sua aparência jovem e inofensiva para atrair seus alvos em tabernas ou bares. Eles eram convidados a “dar um passeio” na floresta e, então…

“Era um mal necessário matar aqueles que traíam pessoas boas”. Quando questionada sobre quantas pessoas ela havia matado ou ajudado a matar, se recusou a respondeu: “Ninguém perguntaria nada disso a um soldado”.

Schaft, cujos cabelos ruivos a tornavam reconhecível pelos nazistas, foi capturada e executada em 17 de abril de 1945. Ela tinha 24 anos.

Apenas 18 dias depois, a Holanda foi libertada.

Aproximadamente três quartos da população judia holandesa foram mortos durante a ocupação.

As irmãs Oversteegen sobreviveram à guerra e tiveram uma vida longa.

Em 1996, elas criaram a Fundação Hannie Schaft , para promover o legado de sua amiga.

Após a guerra, Truus Oversteegen trabalhou como artista, fazendo pinturas e esculturas inspiradas em seus anos de resistência e escreveu suas memórias. Ela morreu em 2016.

Sua irmã Freddie disse em 2016 que enfrentava os traumas da guerra “casando e tendo filhos”. Ela morreu em 2018.

Da redação, com informações da BBC

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