O machismo presidencial transcende o limite do respeito e ataca até mulheres vítimas de assédio

By 3 de fevereiro de 2020Machismo mata, Vá se tratar
Lenín Moreno, presidente do Equador. Ele se preocupa com os homens feios

Na América Latina, nove mulheres são assassinadas por dia, vítimas de violência de gênero. A região, segundo um relatório da ONU Mulheres, é o local mais perigoso do mundo para elas, fora de uma zona de guerra.

É fato que a América Latina, especialmente a América do Sul, estão sofrendo com governos fascistas, que endossam o discurso machista e que minimizam as diversas violências sofridas por meninas e mulheres.

O Equador, país que não faz fronteira com o Brasil e que talvez por isso, represente uma realidade um pouco mais ‘distante’, segue a regra de ridicularizar aquilo que nos violenta.

Na última sexta-feira (31), o presidente do Equador, Lenín Moreno, fez declarações machistas durante um encontro com investidores e depois foi às redes sociais para pedir desculpas.

“Os homens são constantemente sujeitos a acusações de assédio. Vejo que as mulheres frequentemente denunciam assédio, é verdade, é bom que o façam, mas às vezes vejo que estão com raiva dessas pessoas feias”, disse o presidente durante uma reunião na cidade de Guayaquil. Pessoas feias? Nem devemos perder tempo falando sobre pessoas feias X pessoas bonitas.

Em seu pedido de desculpas uma rede social, ele negou que pretendesse minimizar a violência contra a mulher ou denúncias de abusos.

“No meu comentário sobre assédio, [eu] não pretendia minimizar um assunto tão sério como violência ou abuso. Peço desculpas se foi entendido dessa maneira. Rejeito a violência contra as mulheres em todas as suas formas!”, disse o presidente na noite da própria sexta-feira (31).

Equatorianos criticam o presidente

Moreno enfrenta uma onda de críticas nas redes sociais por causa das declarações.

No sábado (1), a ativista de direitos humanos Lolo Miño rejeitou as expressões de Moreno e questionou sua capacidade de governar.

“É uma questão de saber se uma mulher se sente à vontade com a abordagem, não se o cara é bonito ou não. Às vezes duvido que ele (o presidente) seja capaz de administrar o país. Que vergonha”, afirmou Miño.

A organização Mulheres pela Mudança se manifestou em uma rede social: “Não, não presidente Lenín Moreno, não é que as mulheres agora pareçam assediadas, é que homens como você nunca acharam ruim assediar! Rejeitamos suas declarações violentas”.

Só pra refrescar a memória, leia aqui o caso de Paola Guzman. Numa sociedade em que uma história tão trágica demorou 14 anos para ser levada à sério, declarações como essas feita por um presidente devem ser rebatidas.

Não sigamos esse exemplo.

Taty Valéria, com informações do G1.

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